Entrevista: Rodolfo Krieger fala de projeto solo, inspirações e planos

Músico experiênte da cena do rock nacional, Rodolfo Krieger, baixista da Cachorro Grande, chega na reta final do primeiro semestre de 2018 com muitos projetos. Paralelo a turnê do disco ao vivo da banda gaúcha, o multi-instrumentista prepara um EP com canções inéditas. O primeiro single, Louvado Seja Deus, com a participação de Arnaldo Baptista, já foi lançado.

Recheado de referências que vão da cena mod inglesa ao som revolucionário dos Mutantes, o músico conversou com o Música e Cinema sobre todos os planos para essa aventura solo.

Você descreve a sua fase como “Arnaldo Harrison Krieger Gallagher”. E a sonoridade e o caminho seguido lembram muito o de George Harrison. Como condensar todas essas referências dentro de um EP?

“Não é muito difícil, uma vez que as composições são um reflexo dos discos que eu andei escutando nos últimos tempos. Descrevi dessa forma porque são as influências mais relevantes nas canções. Todo o processo aconteceu muito naturalmente, até porque eu estou gravando em casa e as músicas aparecem na hora que elas querem, não existe aquela coisa do tipo: agora eu vou fazer uma balada, ou agora eu vou fazer uma musica mística. Quando dei por mim, elas já estavam prontas e criaram a sua própria identidade”

No próprio trabalho com a Cachorro Grande, nos dois últimos discos de inéditas, vocês seguiram um caminho diferente. Agora, no seu trabalho solo, isso parece ser uma realidade ainda mais ousada. O que podemos esperar deste trabalho?

“Bandas como os Beatles, o The Who e até os próprios Mutantes sempre fizeram um disco diferente do outro, e a gente sempre se amarrou nisso. Por mais que em alguns momentos eu possa lembrar um pouco a Cachorro Grande, tento fazer algo diferente. Nessa primeira fase estou indo para um caminho mais eletrônico mesclando com instrumentos indianos e as letras que falam sobre experiências que tive com a meditação”

A figura do Arnaldo Baptista está muito presente no seu trabalho solo. Como que foi esse contato que você teve com o Arnaldo e qual a importância dos discos dele para a sua formação musical?

“Foi uma história maluca, eu estava numa fase em que eu tomava café da manhã, almoçava e jantava escutando os discos dele. Até que um dia resolvi mandar uma carta falando algumas coisas que passaram pela minha cabeça naquele momento, logo em seguida ele me respondeu e aí não paramos.

E quanto à importância dele na minha formação é muito simples, se ele não tivesse existido o rumo da musica brasileira seria outro e provavelmente não estaríamos conversando nesse exato momento. Foi por causa deles (Os Mutantes) que eu vi que dava pra fazer o tipo de som que eu queria em português, e por isso resolvi seguir minha carreira musical”

Você tem estudado sitar com Fábio Kidesh, que participou do primeiro single. Como o universo da música indiana têm influenciado seu trabalho? É preciso fazer uma desconstrução de conceitos para assimilar essas novas ideias e juntar isso com referências mais tradicionais?

“Não foi preciso, por que o George já mostrou esse caminho. Algumas coisas eu criei com o Fabio, mas em outras ele simplesmente inseriu o instrumento. Ele é um cara extremamente talentoso, e algumas das composições assinamos juntos.

Eu sempre me amarrei não só na música indiana, mas também na cultura deles em si, tocar o instrumento era um sonho que está se realizando aos poucos, então ao invés de chamarmos de desconstrução poderíamos chamar de agregação de conceitos”

Esse parece ser um trabalho muito orgânico em relação a sua experiência espiritual. Como o ambiente em que você vive, o contato com a praia, as mudanças (como o vegetarianismo) têm lhe influenciado?

“Tem me influenciado em  tudo, eu não gosto de ficar levantando bandeira disso ou daquilo, mas com certeza estou passando por uma transformação que tem me feito muito bem. Parei de comer carne faz um ano e meio e já faço yoga há um ano. Ter saído do centro de São Paulo para vir morar na praia me influenciou em basicamente tudo, algo como mudar da água para o vinho, ou no meu caso do vinho para a água”

Como está sendo trazer Arnaldo Baptista de volta para os palcos? Essa parceria pode render novos projetos?

“Ele sempre esteve nos palcos, pois tem um show chamado Sarau o Benedito que é demais e já está na estrada há alguns anos. É apenas Arnaldo e um piano de cauda tocando o que ele quiser, desde Little Richard até as coisas do Elo Perdido. E essa nossa parceria foi uma coisa que rolou na hora que tinha que rolar, o que vai acontecer só Deus sabe. Mas não posso esconder que adoraria fazer mais coisas com ele”

Por fim, o EP já tem nome? tem prazo de lançamento? 

“Eles já tem alguns apelidos carinhosos, mas ainda nada oficial. E a Ideia é lançar no segundo semestre. Assim que sair lhe envio. Obrigado pelas excelentes perguntas”

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