A verdadeira história de O Exorcismo de Emily Rose

Ao assistir o filme O Exorcismo de Emily Rose, poucas pessoas acabam percebendo que a história que inspirou a produção é verídica. O roteiro foi construído com referência a um possível caso de exorcismo, em que a Igreja Católica posteriormente foi processada, bem como os padres envolvidos no caso.

O filme se inspirou no caso de Anneliese Michel, talvez um dos casos de exorcismo mais famosos da história. O Caso Klingenberg, como passou a ser conhecido pelo grande público, deu origem a vários estudos e pesquisas, tanto de natureza teológica quanto científica.

O Exorcismo de Emily Rose: verdadeira história

Nascida em 1952 em Leibfing, na Alemanha, Anneliese Michel era católica e durante os anos 70, passou a enfrentar problemas psicológicos. Depressão, delírios e atos agressivos estavam entre os sintomas. Logo, um tratamento médico foi procurado, porém a própria Anneliese não concordava.

A jovem afirmava que seu problema era relacionado com uma possessão demoníaca. Os sintomas foram piorando e ela passou a apresentar aversão a objetos religiosos. Crucifixos, imagens e outros elementos lhe causavam repulsa.

A primeira pessoa a falar que a garota estava possuída foi uma senhora que percebeu que a menina não passava na frente de uma figura de Jesus Cristo, se recusava a interagir com água benta e cheirava muito mal.

O tratamento de Anneliese Michel

Durante seu tratamento hospitalar, a jovem foi medicada com os recursos mais fortes da época, porém até hoje não é possível determinar com precisão o motivo de não ter funcionado.

Em 1973 os pais da garota foram a paróquia local. Solicitaram que fosse executado o ritual de exorcismo em sua filha, algo que inicialmente foi negado.

A garota continuava com seu estado piorando, e começou a destruir objetos religiosos, se mutilar e fazer suas necessidades pela casa, além de se alimentar de aranhas, moscas e ainda desenvolveu a atitude extrema de beber a própria urina.

O exorcismo de Anneliese Michel

Em 1974, o padre da paróquia, Ernest Alt, começou a acompanhar o caso de perto e após algum tempo pediu para o bispo de Wüzzburg para começar o ritual de exorcismo em Anneliese Michel. O ritual foi autorizado pelo bispo, exigindo total sigilo.

As sessões de exorcismo começaram. Durante elas, a jovem disse estar possuída por 6 demônios, que seriam Lúcifer, Caim, Judas, Nero, Hitler e padre Fleischmann (que caiu em desgraça durante o século XVI).

Ela também afirmou que teve um encontro durante um sonho com a Virgem Maria, que teria lhe proposto para seguir em paz sem os demônios ou continuar com eles para provar a humanidade a existência dos mesmos.

Após muitas sessões de exorcismo, a jovem estava muito abatida. Apresentava diversos ferimentos, não se alimentava e apresentava uma condição física muito debilitada.

No dia 1 de julho de 1976, segundo testemunhas dos rituais, a jovem afirmou estar liberta das entidades que a possuíam. Nesta noite faleceu enquanto dormia (com 23 anos de idade). A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, causada provavelmente pela desnutrição e desidratação.

Anneliese Michel: negligência médica?

Após isso os dois padres exorcistas e os pais foram indiciados por negligencia médica, o bispo que autorizou não foi levado a julgamento pelo estado crítico de saúde e idade avançada.

No julgamento, médicos, pais e padres se enfrentaram. Os médicos afirmaram que os rituais apenas ajudaram a complicar o estado. Segundo os profissionais, a família e os padres colocaram a jovem em uma situação religiosa que a fazia acreditar que seu caso se tratava realmente de possessão.

Os padres por sua vez, apresentaram as gravações e tudo que tinham documentado durante o tempo de tratamento da garota. Ao final, foram condenados por negligencia médica.

A mãe de Michel alegou: “Deus nos disse para exorcizar os demônios de minha filha. Eu não me arrependo de sua morte”.

Antes deste processo, foi pedida uma exumação do corpo.  Uma freira havia tido a visão que o corpo ainda estaria intacto. Segundo as autoridades, o corpo estava em estado avançado de decomposição. Ninguém teve acesso e nem mesmo as fotos foram mostradas para família ou padres.

O bispo que autorizou o exorcismo foi Josef Stangl. Ele também consagrou bispo Joseph Ratzinger, que posteriormente tornou-se o Papa Bento XVI. Stangl morreu em Schweinfurt em abril de 1979.

Áudios de Anneliese Michel

Confira neste vídeo o áudio das sessões de exorcismo de Anneliese Michel. Os registros completos foram disponibilizados na internet.

Filme O Exorcismo de Emily Rose:

No filme O Exorcismo de Emily Rose os nomes são mudados, o local também, que é transferido da Alemanha para os Estados Unidos e inevitavelmente a história é moldada para ficar adequada dentro da proposta do estúdio.

O filme toma como ponto de partida o julgamento em si, e não as sessões de exorcismo. A história se passa nos Estados Unidos dos tempos atuais e mostra como uma advogada, interpretada por Laura Linney, precisa defender um padre acusado de ter matado a jovem Emily Rose durante um exorcismo.

Assista ao trailer:

O filme pode ser assistido através da HBO Max.

Outros filmes em referência a Anneliese Michel:

Outro filme que também retrata o caso é Réquiem, de 2006. O filme mostra uma história mais cética e aproximada da que parece ser a realidade, a de que a jovem sofria de um estado de epilepsia e esquizofrenia, mas que baseada na fé foi considerada possuída.