Uganga: autenticidade, talento e dedicação em mais de 20 anos de carreira

O Uganga é daquela bandas difíceis de descrever em poucas palavras. São mais de 20 anos na estrada, com quatro discos lançados, turnês internacionais e a mais pura dedicação ao som autêntico que fazem. Com o “Manifesto Cerrado”, primeiro DVD do grupo, que mostra um ótimo show na Estação Stevenson (Uberlândia/MG) e um documentário dessa longa trajetória, é possível ter ideia da dimensão da banda.

Ignorando o purismo proposto e defendido por muitos “especialistas”, a banda não se prende a modelos. Com letras em português, equilibrando elementos de thrash metal, thrashcore e hardocore (além de outras citações), formam um som autêntico e de extrema qualidade. O Uganga não é apenas diferente, é extremamente competente no que faz!

Ganga Zumba, primeiro nome e formação do Uganga, em 1993

A banda é liderada por Manu “Joker” Henriques, que fundou o Uganga no início dos anos 90, sendo inicialmente baterista (função que também desempenhou no Sarcófago) e posteriormente assumindo os vocais. Irmão de “Joker”, Marco Henriques entrou no grupo como baterista durante a gravação do primeiro disco, o Atitude Lótus (2003).

Christian Franco faz parte do Uganga como guitarrista desde 2000, sendo o segundo mais antigo da atual formação. Seu irmão, Raphael “Ras” Franco entrou na banda em 2002, acrescentando suas influências de reggae e versatilidade nas linhas de baixo.

Segundo guitarrista da banda, Thiago Soraggi faz parte do Uganga desde 2008, tendo participado de todos os álbuns desde o “Vol 3”. Substituindo Christian, que se afastou por graves problemas de saúde, Maurício “Murcego” González (da ótima Canábicos, que recentemente lançou seu melhor disco) assumiu como guitarrista e o entrosamento foi tanto que o músico permaneceu como terceiro guitarrista e está participando da gravação do novo disco.

Manu, Marco, Raphael; Christian, Thiago, Maurício

4 discos e constantes evoluções

Atitude Lotus (2003)

Mesmo na cena desde os anos 90, o primeiro disco do Uganga saiu em 2003. “Atitude Lotus” é um trabalho menos pesado, mas que já dava indícios do que estava por vir. É possível ver referências de rock, MPB e reggae, além de alguns sons mais experimentais.

Na Trilha do Homem de Bem (2006)

Com o lançamento de “Na Trilha do Homem de Bem” (2006), já é possível identificar uma sonoridade mais próxima com a atual. Continuando com letras fortes, o Uganga aparece mais maduro e com ótimas músicas. Faixas como “Altos e Baixos” até hoje estão entre as melhores do grupo. Um som mais denso, maduro e que mostra a grande evolução entre o primeiro e o segundo trabalho.

Vol. 3: Caos Carma Conceito (2010)

É um divisor de águas. Após 4 anos, o Uganga volta visceral. Com conceito forte por trás das canções, a banda mais pesada e vocais potentes de Joker, Vol. 3 rendeu uma ótima turnê pela Europa. Não deixe de ouvir as músicas “Fronteiras da Tolerância”, “Asas Negras” e “Sua Lei, Minha Lei”.

Eurocaos Ao Vivo (2013)

Entre o terceiro e o quarto disco de inéditas, o Uganga lançou o “Eurocaos Ao Vivo” (2013), gravado durante a passagem pelo velho continente. Além de 13 músicas captadas durante os shows, um divertido documentário que mostra essa louca viagem.

Opressor (2014)

Em “Opressor” (2014), a banda poderia tranquilamente compilar os três primeiros trabalhos e fazer algo condensado. Mesmo com essa possibilidade, vão muito além. A passagem pela Europa rendeu ótimas composições, como “O Campo”, música com forte letra sobre os campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra. Um prato cheio para quem gosta de história.

Cada vez melhor, tanto em critérios musicais quanto conceituais, o Uganga não torna-se datado. É a típica banda em que o melhor disco, será sempre o próximo.

opressor

Manifesto Cerrado

Com direção e produção de Eddie Shumway, Manifesto Cerrado é um belo registro dos mais de 20 anos do Uganga. Passando por um claro momento de transição e precisando de afirmação (até mesmo para seguir com o trabalho), a banda se fortaleceu em um show intimista na histórica Estação Stevenson (construída em 1927 às margens da rodovia que liga Uberlândia e Araguari). Com amigos próximos e familiares, os músicos apresentam canções e tiveram convidados marcantes de todas as etapas da banda.

Se a primeira parte do Manifesto Cerrado mostra um compilado da carreira com excelente apresentação ao vivo, na segunda etapa conhecemos mais da história do Uganga. Com materiais de shows, entrevistas e turnês, Whumway monta uma narrativa que vai desde os primórdios até os planejamentos para o futuro.

Aproveitando os melhores momentos do documentário presente em Eurocaos, o diretor cria um belo registro. Ao que tudo indica, este será mais um divisor de águas para o Uganga. Uma nova etapa começa. 3 guitarristas e novo fôlego.

Novo álbum pela Wacken Foundation

Prestes a entrar em estúdio, o Uganga recebeu a notícia que receberá apoio do Wacken Foundation, organização alemã criada para apoiar projetos de hard rock e heavy metal de todas as regiões do mundo. Um valor em euros será disponibilizado para que a banda possa financiar a produção e lançamento.

Todo esse trabalho e êxito é uma contrução coletiva. Vale destacar a figura do produtor e manager do grupo, Éliton Tomasi, presente em grandes momentos da banda, como a turnê pela Europa. Apaixonado pelo que faz, Tomasi é um dos grandes responsáveis por trabalhos como o Uganga, além de muitas outras bandas de extrema qualidade.

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