Um dos homens mais importantes da história moderna norte-americana, J. Robert Oppenheimer ganhou um filme sobre sua vida e, embora tenha falecido em 1967, seus descendentes tiveram a oportunidade de conferir a obra. Charles Oppenheimer, seu neto, concedeu uma entrevista recentemente e falou sobre a produção do longa.
Em entrevista à revista TIME – a mesma que chamou Oppenheimer de “o pai da bomba atômica” setenta anos atrás -, Charles revelou suas impressões do longa de Christopher Nolan e contou sobre suas interações com o diretor ao longo dos últimos anos.
“Quando conversei com Chris Nolan, em determinado momento, ele disse algo mais ou menos do tipo: ‘Sei como contar uma história a partir desse assunto. Haverá partes que você terá que dramatizar um pouco, e partes que serão alteradas. Como membros da família, acho que vocês vão gostar de algumas partes, e não gostar de outras partes.’ “
Em suas palavras, há poucas cenas da qual não concordou.
“Isso provavelmente levou à minha aceitação do filme, embora eu o tenha visto muito tarde, justamente quando saiu. Como uma representação dramatizada da história, é realmente em grande parte precisa. Há partes das quais discordo, mas não por causa do Nolan.”
Neto de Oppenheimer discordou de cena do filme
A cena que Charles Oppenheimer mais discordou acontece justamente nos minutos iniciais do longa, quando o protagonista supostamente envenena uma maçã que quase é comida por Niels Bohr. Segundo os próprios autores de Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano, biografia que inspirou o filme, não há certeza de que isso realmente aconteceu.
“A parte que menos gosto é essa referência da maçã venenosa, que era um problema em American Prometheus. Se você ler esse livro com bastante atenção, os autores dizem: ‘Nós realmente não sabemos se isso aconteceu’. Não há registro dele tentando matar alguém. Essa é uma acusação muito séria e é uma revisão histórica. Não há um único inimigo ou amigo de Robert Oppenheimer que tenha ouvido isso durante sua vida e considerado verdade. O livro conseguiu isso de algumas referências falando sobre uma viagem de férias de primavera, e todos os repórteres originais dessa história – havia apenas dois, talvez três – relataram que não sabiam do que Robert Oppenheimer estava falando. Infelizmente, American Prometheus resume isso apontando que Robert Oppenheimer tentou matar seu professor. Então, eles (reconhecem que) talvez haja essa dúvida.”