Logan: muito mais que um filme de super-heróis

Em Logan, Wolverine tem sua aparição mais visceral no cinema. Muito sangue, cabeças rolando e brutais cenas de luta. Mesmo neste contexto, o filme vai além.  Se os X-Men foram responsáveis por mostrar que o cinema de super-heróis era possível, um de seus personagens principais deixa mais uma grande lição na última participação de seu icônico intérprete.

Logan é recheado de referências a westerns. É um road movie clássico. Sua história densa e envolvente faz com que o fantasioso mundo dos mutantes fique em segundo plano diante do drama de Logan em sua jornada. Neste filme, vemos mais Logan do que Wolverine (e isso é ótimo).

Logan e o futuro dos mutantes

Em 2029, um Wolverine cansado e enfraquecido, com seus poderes de cura cada vez mais escassos, tenta sobreviver enquanto cuida do nonagenário Charles Xavier, a mente mais poderosa do mundo, que já começa a apresentar problemas. Com a ajuda de Caliban, ele tenta manter seu velho amigo em boas condições. Quando Laura Kinney (conhecida como X-23 nos quadrinhos) aparece em sua vida, uma longa jornada se inicia.

Mocinhos e vilões passam longe

Para quem reclama da repetição de fórmulas nos filmes de super-heróis, Logan dá uma grande prova de que essas histórias podem ser apresentadas de forma diferente. O filme não tem mocinhos e vilões claramente definidos. Não trata-se de uma luta do bem contra o mal. Com suas dores e lembranças, vemos um homem tentando fazer o seu melhor e o que acha correto.

O ciborgue Donald Pierce (interpretado pelo talentoso Boyd Holbrook, de Narcos) se esforça para ganhar espaço, porém nada consegue desviar a atenção dos conflitos pessoais de Logan.

O Wolverine menos violento no filme mais violento

É curioso que os momentos mais viscerais do personagem no cinema aconteçam exatamente neste filme. Os fãs cobravam essa aproximação com os quadrinhos, em que Logan sempre esteve mais perto de uma fera a ser controlada. Não há do que reclamar neste sentido. O velho Logan, mesmo sem ter essa intenção, é obrigado a mostrar o seu melhor.

Um western moderno

A série O Velho Logan, de Mark Millar e Steve McNiven, é uma referência distante no filme. Curiosamente, as maiores inspirações são os clássicos do western. Trata-se de um road movie com influência western. Durante o filme, o clássico Os Brutos Também Amam aparece em uma televisão. Nas entrevistas, o diretor James Mangold admitiu uma referência direta a Os Imperdoáveis, última realização de Eastwood no mundo do faroeste.

Elenco pontual e certeiro

Mangold acerta em cheio no desenvolvimento dos personagens. Enquanto na maioria das adaptações dos quadrinhos, dezenas de personagens são desenvolvidos em conjunto, Logan é restrito e grandioso. Além do protagonista, que tem a melhor atuação de Hugh Jackman como Wolverine, o velho Xavier é magistralmente apresentado por Patrick Stewart.

Em uma posição com extrame exigência, Dafne Keen dá vida a uma Laura Kinney (X-23) de duas faces: uma com poucos diálogos e muitas expressões, e outra com sutileza e brutalidade extremamente bem administradas.

Uma novo passo para os super-heróis no cinema?

Logan é a despedida perfeita para Hugh Jackman. 17 anos depois, o ator que viveu o começo e o auge do cinema de super-heróis, deixa o papel no seu melhor momento. Muito próximo do que fez Nolan em O Cavaleiro das Trevas, o Logan de James Mangold serve como a abertura de um “novo mundo” para este segmento. Os poderes e capacidades especiais nem sempre precisam suplantar boas histórias. O cinema precisa disso! Boas histórias! (e é exatamente isso que o filme entrega, uma boa e profunda história!).

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