Conhecida como uma das músicas mais emotivas da carreira da banda Ira!, “Vida Passageira”, pertencente ao álbum MTV Ao Vivo, lançado em 2000, certamente é um dos sucessos históricos do grupo de rock nacional. Mas, muito além disso, a música tem um significado muito tocante.
A letra, composta pelo guitarrista da banda, Edgard Scandurra, fala sobre a perda inesperada de um amigo e sobre as tentativas de mascarar o luto. Com isso, fica a dúvida se o músico descreveu na canção um sentimento geral ou se tratava de um luto pessoal.
Através de seu canal no YouTube, Scandurra comentou que, de fato, a música foi inspirada em uma experiência pessoal após a perda do amigo Suba, músico e produtor Mitar Subotić, que produziu discos como Benzina, do guitarrista, bem como de outros artistas como Arnaldo Antunes, entre outros.
No vídeo, Scandurra explica a ligação entre as “praias da Bahia” com a “bandeira da Turquia”, muito criticada na letra. O guitarrista conta que o amigo gostava muito do país do Oriente Médio, inclusive como influência musical, assim como também gostou de uma viagem que fez para Trancoso, na Bahia.
“As pessoas criticam isso […] rimar país com cidade não é uma rima muito rica. Mas o fundo era esse, essa história dele. Essa referência da relação que ele tinha, inclusive de referência musical com a Turquia e o fato de ele ter ido pra Bahia. Então, isso pra mim foi mais importante do que a rima em si”, explicou Scandurra.
Assista ao vídeo completo abaixo:
Quem foi Mitar Subotić, o amigo homenageado por Edgard Scandurra
Mitar Subotić era de origem sérvia, mas foi radicado no Brasil quando se mudou definitivamente para o país em 1990. O trabalho de Suba tanto como músico quanto produtor foi de fundamental importância para o desenvolvimento de uma nova identidade da música brasileira.
Além de ser uma referência por seus discos com características eletrônicas de artistas como Marina Lima, Dinho Ouro Preto e Mestre Ambrósio, além dos já citados Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra, Suba também é lembrado pelo seu único álbum solo, São Paulo Confessions.
Lançado em setembro de 1999, o álbum se tornou um disco cult, considerado um dos discos mais inovadores e criativos da cena nacional dos anos 90, além de ser exaltado por artistas como Madonna como um de seus álbuns favoritos.
Suba faleceu no dia 2 de novembro de 1999 durante a produção de um novo álbum da cantora Bebel Gilberto, quando o estúdio pegou fogo, em seu apartamento em que morava sozinho na Vila Madalena, em São Paulo. Ao tentar resgatar as gravações, Suba não resistiu à inalação de fumaça e acabou falecendo.