Enquanto Led Zeppelin, DeepPurple e Black Sabbath faziama famosa “tríade do Rock”, Rory Gallagher, Cream e Hendrix faziam a tríade do Blues da época. Conhecido por suas geniais apresentações ao vivo, Rory Gallagher é um multi-instrumentista irlandês que ama tocar para o público e diz precisar dessa energia. Hoje falaremos sobre uma das obras de estúdio do músico: o álbum Top Priority!
Blues Rock anos 70
O final dos anos 70 foi estranho para a galera do blues rock. Enquanto Gary Moore se distanciava cada vez mais das raízes do blues, o Whitesnake ouvia da sua produtora que o mercado não estava preparado para um Hard-Rock Blues. O gênero foi perdendo a enorme popularidade que tinha e abrindo mais espaço ao Heavy Metal.
Entretanto, Gallagher se destacava nesse cenário tendo o ápice da sua carreira. O álbum da vez é Top Priority de 1979, nomeado dessa maneira por ser considerado prioridade máxima pela sua gravadora após o sucesso do PhotoFinish de 1978.
Resenha do álbum Top Priority
Por ser conhecido pelas suas apresentações ao vivo, procurei alguns vídeos live do guitarrista e fiquei animadíssimo! Resolvi procurar algum álbum, caí nesse para ser o debutante e, sinceramente, esperava mais. Eu tinha o colocado num pedestal e ele caiu.Mas isso não significa que o álbum é ruim, pelo contrário, continua sendo ótimo!
Top Priority mescla músicas levemente pesadas com outras dançantes e acaba não sendo muito diversificado. Ao ouvir sem prestar muita atenção ou em algum lugar onde o som é ligeiramente abafado, como num ônibus, eu diria que estou ouvindo a mesma música diversas vezes com algumas variações.
Em contrapartida, acho que esse é o objetivo: focar em um bluesão rock nu e cru, sem rodeios e sem encheção de linguiça. A voz ora raivosa, ora embriagada de Gallagher mesclado com toda a sua autoridade na guitarra e a habilidade dos seus companheiros dão o tom exato para o álbum.
Faixas Top Priority
A primeira música é a dançante Follow Me com o seu riff potente. Marcada na cabeça dos fãs, fiquei me perguntando se a música era mais pesada ou contagiante. Optei pela segunda por causa da linha de baixo bem divertida.
Seguimos com Philby, menos dançante que a primeira, ligeiramente mais pesada, com os fraseados que aparecem no meio da música e que parecem ser uma marca do Rory Gallagher. Se não, pelo menos são constantes nesse álbum. A música não me atraiu muito, parece bem repetitiva, mas um fato interessante é que nessa música ele usa uma cítara elétrica indiana. Isso mostra a tendência e vontade de Gallagher explorar novas possibilidades.
WaywardChild é outra dançante que me deixa feliz. A bateria dessa música é sensacional e a vontade é de voltar aos anos das discotecas. Não sei se esse tipo de música era tocado, mas com certeza eu pediria pro “DJ” e nas minhas festas é setlist na certa!
Keychain segue a mesma linha de raciocínio de Philby e também não me atraiu o suficiente.
At The Depot tem uma linha de baixo tão parada que contrasta fortemente com todo o resto – para a minha alegria. Mais uma agitada, que eu senti levemente um country rolando. Bem legal!
BadPenny é SENSACIONAL! O riff é muito bem adaptado à música. Encaixa perfeitamente com o vocal, ou o vocal encaixa perfeitamente com a guitarra… não sei. Música é subjetivo, não é? Essa sensação de encaixe perfeito me lembra o famoso riff de Layla feito por DuanneAllman para Eric Clapton.
Just Hit Town é a típica música pra fazer rodinha no meio do show. Pesada e contagiante me lembra até Motörhead de um jeito muito mais leve. Das mais pesadinhas é a única que me atraiu.
Off The Handle tem aquela forma de “blues sexy” classicão. Clichês por todos os lugares, mas não é algo que chega a incomodar. Pareceu o tipo de clichê que é bem “desclichezado”.
PublicEnemy No1 é outra que achei mais do mesmo e não me atraiu.
NothingBut The Devil é aquela acústica que chama atenção só pelo simples fato de ser um blues bem tocado. Direcionado pelos slides clássicos do blues, remete aos Old Times e eu amo esse tipo de música! Em contrapartida, talvez outra pessoa achasse essa música bem comum.
Faixas Extras Top Priority:
HellCat é outra que me parece mais do mesmo, mas tudo bem…
The Watcher pra mim é a melhor do álbum, de longe! Tem umas descidas e subidas bem legais, é pesada na medida certa – com um riff bem legal – e um solo bem bembem… ! (!!!) Parece que há algo meio experimental nessa música. Vale a pena prestar atenção.
Pessoalmente, o melhor de Top Priorityficou para o final com BadPenny, NothingBut The Devil e The Watcher. Algumas faixas me agradaram, outras nem tanto, mas o nome do álbum diz tudo. Com certeza é uma das prioridades no conhecimento do blues. Não a prioridade, mas é um que deve ser ouvido com atenção e considerado.