Maior bilheteria da história por 12 anos e um dos maiores clássicos do Cinema, Titanic certamente é conhecido por todos. O filme, que conta o trágico acidente do navio homônimo em 1912, foi responsável por catapultar a carreira de Leonardo DiCaprio, Kate Winslet e, claro, Celine Dion – afinal, quem consegue falar de Titanic e não lembrar daquela música.
A tragédia retratada pelo filme, de fato, aconteceu e seu realismo compõe grande parte da trama. A obra de James Cameron foi elogiada pela sua fidelidade, destacando personalidades reais que estavam no navio, assim como a evacuação dos sobreviventes no momento do acidente. Porém, como todo bom filme hollywoodiano, nem tudo ali é verdade.
A começar pelos protagonistas. Jack e Rose nunca existiram. Isso mesmo, o casal foi uma invenção da cabeça de James Cameron. O diretor admitiu ter utilizado a artista Beatrice Wood como modelo para Rose após ter lido sua autobiografia, mas a artista nunca esteve no navio naufragado. Já Jack foi criado completamente do zero.
Mais do que isso, a estrutura tanto física como cultural do navio impedia o acesso das classes mais pobres às mais ricas. Os oficiais do Titanic impediam qualquer contato entre as diferentes classes sob a desculpa de evitar a transmissão de doenças. Dessa forma, mesmo que fossem reais, Jack e Rose dificilmente se encontrariam na embarcação.
Outro ponto falso é o próprio naufrágio. No filme, vemos o Titanic rachando ao meio, enquanto a proa rapidamente vai para o fundo do mar. Diversas simulações foram feitas desde então e nenhuma chegou perto do que foi retratado na obra. O próprio diretor destacou que a cena foi, com certeza, exagerada.
Por último, o ponto de maior discussão do filme é sobre a possibilidade de Jack ter ficado em cima da porta com Rose. Porém, essa discussão pouco importa, pois, nessa situação, Rose não teria sobrevivido à hipotermia. Trajada com apenas um vestido e um colete salva-vidas, a protagonista subiu na porta de madeira após mergulhar no oceano com temperaturas congelantes. Na realidade, diversas pessoas morreram de hipotermia sem nem mesmo terem se molhado.
Mas, afinal, o que é real em Titanic?
Muita coisa foi retratada com fidelidade. Um dos momentos mais emblemáticos do longa é quando os músicos seguem tocando enquanto o navio afunda. Parece absurdo, mas diversos relatos corroboram com essa história. Wallace Hartley, músico do grupo, teve a ideia de seguir tocando para acalmar os passageiros. A única dúvida, no entanto, está em qual canção foi tocada. No filme, Nearer, My God, To Thee recebe um lindo arranjo, enquanto não há nenhum indício de que essa foi a música escolhida.
Por falar em Hartley, outros personagens do filme foram retratados fielmente. Margareth “Molly” Brown, interpretada por Kathy Bates no longa, teve sua história contada de maneira precisa. A magnata sobreviveu ao desastre e faleceu vinte anos depois, vítima de um tumor.
O capitão Edward Smith, interpretado por Bernard Hill, recusou sair do navio com o intuito de auxiliar o máximo de pessoas. Já John Jacob Astor era o passageiro mais rico do Titanic, com uma fortuna que hoje seria avaliada em U$2,4 bilhões. O magnata também recusou um lugar nos botes salva-vidas e o cedeu para duas crianças.
Outra cena famosa do longa é quando Isidor Strauss e sua esposa, Ida, permanecem deitados no seu quarto à medida que o navio afunda. O casal de idosos realmente existiu e permaneceu junto nos momentos derradeiros, mas não em sua cama. De acordo com testemunhas sobreviventes, os velhinhos sentaram em um banco e assistiram a tudo. As mesmas testemunhas relataram ter ouvido uma conversa do casal: “Nós vivemos juntos por muitos anos. Aonde você for, eu vou.”