Na segunda metade da década de 90, mais precisamente em 1998, em que o new metal começava a dominar as magazines da época, algumas bandas representavam a resistência do tradicional e já aclamado metal. Em conjunto com bandas como Pantera, o Death de Chuck Schuldiner não se rendeu para a mudança da industria musical e continuou fazendo o mesmo som bruto e intenso que fazia em 1983. Pense em música pesada: Pensou? Ok, agora pense em música pesada munida com técnica dos instrumentistas. Pensou? Certo, agora junte esses dois fatores com um perfeccionismo “orquestral”. Temos Death, temos o clássico e épico “The Sound Of Perseverance.
Death – The Sound Of Perseverance
– Scavenger Of Human Sorrow
O álbum já começa no modo “Baterista sofre”. O grande Richard Christy dá o pontapé inicial no álbum sem perdoar. Na sequência, podemos perceber um trabalho de guitarra muito semelhante a algum clássico de Paganini. Com uma voz um tanto quanto diferente dos últimos discos mas não menos brutal de Chuck, já temos uma base do que será o álbum.
– Bite The Pain
Nessa segunda faixa, já encontramos, pelo menos no inicio da música, um ambiente um pouco mais cadenciado. Um forte destaque para o riff da introdução, algo que, junto com a linha melódica de Schuldiner, soa completamente agradável aos ouvidos, assim como a Quinta Sinfonia de Beethoven: Extremamente pesado, mas mesmo assim, fascinante.
– Spirit Crusher
Agora, um dos maiores clássicos do Death. Spirit Crusher começa com uma linha de baixo marcante, e diria que até mesmo macabra. O vocal de Chuck, junto com as guitarras, interrompe o protagonismo do baixo, dando inicio a um caos sonoro totalmente brutal. A música, assim como o álbum, é uma mistura de momentos rápidos e arrastados, proporcionando um ambiente progressivo e técnico para o ouvinte. E chegamos no refrão! E que refrão, amigos. Naquele grande estilo de arena, de cantar em plenos pulmões ao vivo o “Spirit… CRUSHEEEEEEEEEEEEEEAAAAAAAARGRGRGRGRGRGRRRR”. Insano!
– Story To Tell
A quarta faixa se inicia com uma bela melodia de guitarra, aquele tipo de coisa que soa bonito mesmo inserido em um cenário de destruição, usando o fim de “Summer” de Vivaldi como exemplo. A música está indo como o normal. Técnica, brutal, com um baixo presente.. ATÉ QUE PLOU. Você fica meio que “Ué” na parada que a música dá no meio. E ela começa a parar diversas vezes, causando um enorme estranhamento. E isso que é uma das coisas mais interessantes do Death: A ousadia na hora de produzir os arranjos. A sequência da música é o que vimos até aqui: TÉCNICA, AMIGOS!
– Flesh And The Power It Holds
Uma introdução macabra fazendo ponte para um riff triunfante e épico! Aquele tipo de música que você ouve e fica tipo: “Eita, rapaz”. Até que a porradaria volta com um riffzão e um RASGADÃO (quero chamar assim) do Chuck, fazendo uma bela linha melódica e urrando o nome da música: FLESH AND THE POWER IT HOLDS! E saindo da parte mais porradaria, voltamos para o tom épico, quando o baixo manda uma bagulho muito louco que a guitarra acompanha com uns licks doidões também. Nessa música, especificamente, podemos ver o virtuosismo dos integrantes. Um longo solo, mesclando trechos baixo/bateria, até voltar pra insanidade dos pedais duplos insanos from hell 666.
– Voice Of The Soul
A belíssima faixa instrumental é como um ponto de paz no meio do caos. A música, que possui um arranjo MUITO bonito, serve como uma pausa na porrada que o álbum nos proporciona. É interessante para percebemos a versatilidade dos caras. Mas sim, a música, mesmo sendo suave, possui um toque de peso com as guitarras, unindo assim, o arranjo “fofinho” acústico com o solo bonito e veloz em algumas partes. Genial.
– To Forgive Is To Suffer
Chega a ser cômico. Nem conseguimos nos recuperar da faixa anterior e CABLUM, o baterista já manda um ataque epilético muito doido lá. Como sempre, podemos perceber o entrosamento sensacional de Chuck e Shannon (guitarrista também do Control Denied, projeto paralelo do Schuldiner), vendo o enorme nível de conhecimento musical de ambos. O solo de 05:22 prova essa tese com precisão! Intenso ao extremo.
– A Moment Of Clarity
A última faixa autoral da banda, A Moment Of Clarity, possui, talvez, o riff mais “chiclete” do disco. Uma faixa com uma bassline incrível de Mr. Scott Clendenin cheia “dos groove” em certas partes, aliando com uma guitarra, como sempre matadora e melódica, formando uma mistura sensacional e agradável de ouvir. O álbum “encerra” com grande estilo.
– Painkiller
Passo, não preciso falar de um cover do Judas Priest feito pelo Death. É muita genialidade.
O Death pode facilmente ser comparado com uma orquestra, assim como Chuck Schuldiner pode se igualar a um maestro. Não, não é um exagero. Se você ouve Death, sabe que TUDO na banda é extremamente em ordem. Tudo é tratado com o maior zelo possível, com certeza pelo perfeccionismo de Chuck. Infelizmente, “The Sound Of Perseverance” foi o último trabalho da banda. O álbum foi um marco na história da música pesada, um dos maiores legados de Schuldiner. A genialidade de Chuck foi marcada não só por esse álbum, e sim, por tudo feito no Death e no Control Denied. Toda técnica, brio, cuidado e brutalidade exposta na música marcou de forma acentuada uma geração inteira de instrumentistas. Sim, amigos! O Death é a verdadeira sinfonia da destruição.