Se a ficção imita a realidade, às vezes o oposto também acontece. Em 1985, a autora britânica Margaret Atwood publicou The Handmaid’s Tale, obra lançada no Brasil com o nome O Conto da Aia. Anos depois, a história ganhou ainda mais projeção com a série de mesmo nome.
Na trama, somos apresentados à Segunda Guerra Civil Americana, ocasionada pela infertilidade de mulheres, que, por sua vez, é resultado de uma proliferação de DSTs e poluição. A facção fundamentalista Filhos de Jacó assume o poder e cria a República de Gilead, o novo país mais poderoso do mundo.
A tirania, encabeçada pelo machismo justificado pela proliferação da raça humana, faz com que as poucas mulheres férteis que restaram sejam designadas para membros da alta cúpula governamental. Embora tudo pareça muito distante e distópico, há um ponto crucial na história de Atwood que pode ser mais real que pensávamos.
The Handmaid’s Tale e a infertilidade via poluição
Uma professora e pesquisadora de veterinária da Universidade de Nottingham, Rebbeca Blanchard, apontou uma relação de causalidade entre o aumento da infertilidade de homens e a crescente de poluição, assim como em The Handmaid’s Tale.
Blanchard realiza pesquisas acerca do efeito das substâncias químicas encontradas no ambiente doméstico sobre a saúde reprodutiva dos homens e cães. Segundo ela, os animais são ótimos sentinelas, pois compartilham do mesmo ambiente que o homem.
“Encontramos redução da motilidade espermática no ser humano e no cachorro”, revelou Blanchard à BBC. “Houve também aumento da quantidade de fragmentação do DNA.”
Sua pesquisa mostrou o efeito de substâncias encontradas nos plásticos, retardantes de chamas e produtos domésticos comuns. Ainda que muitas dessas substâncias já tenham sido proibidos por seu entendimento como nocivas à saúde, ainda é possível encontrá-las em produtos antigos.