Comemorando 30 anos de carreira e 50 de vida, Supla fez de 2016 um período de pura criatividade. Com o disco “Diga o Que Você Pensa”, seguiu o título à risca, apresentando músicas com suas opiniões e letras fortes. No livro “Supla – crônicas e fotos do Charada Brasileiro”, mostrou sua trajetória e diversas fases da carreira. Gravado em 2016, o DVD com um compilado da carreira, será lançado em 2017.
Todo esse trabalho vem após a nova investida na carreira solo. Nos últimos 7 anos, Supla esteve com seu irmão, João, na dupla Brothers of Brazil. Para o músico, foi preciso se adaptar, tendo em vista que passou a fazer tudo sozinho.
“Antes eu e meu irmão fazíamos tudo. A melodia a gente fazia junto, tudo em parceria. Agora, eu comecei a tocar violão, que eu já tocava, mas me aprofundei. Eu fui fazendo as canções e ai quando eu notei que elas estavam boas só com voz e violão, fui para o estúdio. Comecei a gravar tudo com o metrônomo e fui vendo o que cada música precisava”, disse Supla.
O novo disco tem 14 faixas, todas disponíveis na internet, contando também com cinco clipes, além de outros que estão prontos e serão liberados nas próximas semanas.
“Eu e meu produtor (Kuaker) tocamos tudo. Fomos vendo o que cada música precisava e partimos para gravação. Tem baterias que eu coloquei acústicas, algumas são eletrônicas, varias baterias são juntas, misturadas. É um disco que tem minha cara. Tem uma pegada meio oitentista. Você vê essas novas bandas querendo fazer coisas dos anos 80, mas eu fiz parte disso, então eu conheço bem essa onda toda”, explicou o músico.
Sobre suas ligações com o underground e aberturas também no mainstream, Supla considera que todo o espaço é importante e aproveita para mostrar o conteúdo das letras. No início de dezembro, ele foi um dos convidados do Encontro com Fátima Bernardes.
“Eu faço o que eu acho importante pra mim. Espero que o quanto mais pessoas puderem escutar minha música e ela for relevante, ótimo. Se eu conseguir alcançar um número de pessoas cantando “Parça da Erva”, “Fanáticos Virtuais”, “Extremistas Fundamentalistas” ou o próprio “Diga O Que Você Pensa”. Quanto mais pessoas eu atingir, fazer elas pensarem, melhor”, afirma Supla.
Quando questionado sobre o segmento do disco e influências, Supla ressalta que o importante é quebrar as regras, trazer novos elementos e expressar os sentimentos.
“Pra mim, o rock, o punk, essas vertentes, é você tentar quebrar as regras. Antes de tocar com meu irmão no Brothes, eu fiz um projeto pra misturar música brasileira com americana, fazer algo diferente, não seguir as regras. As regras todo mundo já sabe quais são. Você quer soar igual os Ramones? Beleza. Agora se você pegar um pouco de Ramones, um pouco do Clash e um pouco do seu interior e fazer algo diferente, eu acho mais válido artisticamente. Não desmerecendo quem faz, mas isso já existe”, ressalta o cantor.
Sobre a linha ideológica do disco e a dualidade política vivida no Brasil atualmente, Supla afirma que é importante para a música a divergência de ideias. Admirador de artistas com posições de esquerda e direita, cita Roger Moreira como um exemplo de discordância política e alinhamento musical.
“Eu fiz uma música com o Roger muito tempo atrás. A gente tem ideias completamente diferentes, mas somos amigos. Ele participou do meu DVD que sairá ano que vem. Tem músicas de pessoas de direita que eu adoro. O próprio Ramones, que tem um conflito muito interessante. Johnny era super de direita, Joey era de esquerda. Olha o resultado”, avalia Supla.
O livro “Supla – crônicas e fotos do Charada Brasileiro” foi escrito pelo próprio músico, narrando momentos importantes da carreira, desde os primeiros discos até a fase nos Estados Unidos. São 50 crônicas acompanhadas de fotos e clipagens diversas da mídia.
“Foi muito legal pra mim. Depois de 30 anos de carreira e 50 de vida, era algo necessário. É bom pra qualquer pessoas fazer isso na vida. Eu fui fazendo tudo meio junto, o disco e o livro”.
Também destaque pela questão performática, Supla busca muitas inspirações no cinema. A versão em inglês da “Anarquia Lifestyle” está na trilha sonora do novo documentário sobre os últimos dias de vida de Sid Vicious e sua namorada Nancy Spungen.
“Eu sempre gostei da figura do Sid Vicious. Eu conheço o diretor, ai eu mandei a música e ele adorou. Eu ainda não vi o filme, mas estou doido pra ver. Assisto muitos filmes. Meus filmes favoritos são A Bronx Tale (Desafio no Bronx) e Raging Bull (Touro Indomável) do Robert De Niro. Pego muitas referências nos filmes, respeito muito a arte de atuar e produzir cinema. Não é pra qualquer um”, destaca Supla.