Acompanhar o trabalho de Roger Waters é uma tarefa agradável e desafiadora. O músico, ex-Pink Floyd, demonstrou, mais uma vez, toda a capacidade de comunicação, musical e visual, que pode proporcionar ao público. O show de Porto Alegre marcou o fim da turnê brasileira. Entre polêmicas e debates políticos, o que fica é a imagem de uma apresentação irretocável.
Tomado por fãs do Pink Floyd e dividindo opiniões entre os gritos de “Ele Não” e “Fora PT”, o Beira-Rio começou sua noite mágica com uma ótima apresentação do músico Renato Borghetti, tradicionalista reconhecido do Rio Grande do Sul, que acompanhado de uma bela banda, teve a oportunidade de mostrar ótimas canções instrumentais.
Pontualmente, Roger Waters iniciou sua apresentação às 21h. Logo nas primeiras músicas foi possível notar que esse já era um show com um aspecto diferente dos primeiros no Brasil. Roger já estava mais conectado com o público brasileiro, o espetáculo já tinha uma atmosfera diferente.
Acompanhado por uma excelente banda, o músico inglês apresentou clássicos de diferentes épocas do Pink Floyd e também deixou espaço para algumas canções do seu último disco, “Is This the Life We Really Want?” (2017). Ao contrário do que muitos esperavam, o clima do show foi ameno em relação aos primeiros. As críticas políticas estiveram presentes, porém menos personificadas. Waters focou em sua mensagem principal, incentivando o público a “continuar lutando” e “ser a resistência”.
Além de todas as transformações visuais do palco e a total conexão das canções com as incríveis projeções, a noite ainda reservou momentos de forte chuva, que obrigaram a equipe técnica a fazer rápidas movimentações, montar barracas no palco e adaptar tudo para que a apresentação continuasse com segurança.
Ao fim do show, o set final foi encurtado. “Mother” teve que sair do setlist e Roger Waters solicitou que pulassem diretamente para “Comfortably Numb”, tendo em vista o aumento da chuva, algo que não esfriou o público, muito pelo contrário. A última canção foi a consagração de uma noite catártica. A chuva apareceu para lavar a alma dos presentes, que tiveram a oportunidade de assistir um show de altíssimo nível.
A verdade é que Roger Waters sabe exatamente como entregar um grande espetáculo. Sorte de Porto Alegre, sorte do Brasil, sorte dos presentes, que agora já ficam na expectativa pela próxima turnê mundial (que, sinceramente, esperamos muito que ocorra).