Pesado, consistente e filosófico – Primeiro disco da banda Primator surpreende
É realmente muito raro encontrar discos de estreia tão consistentes como Involution, da banda paulistana Primator. O quinteto justificou os seis anos que levaram para fazer seu primeiro lançamento, oferecendo para o público um disco cheio de belas e bem compostas canções, que trazem muito além de uma boa condução, tendo uma mensagem filosófica presente e passando muita sinceridade.
Mesmo com a pegada dos anos oitenta e noventa, em que grandes bandas do cenário nacional e internacional surgiram, o Primator não comete o erro de ficar preso na imagem dos tempos áureos, muito pelo contrário, toda a ambientação é adaptada contemporaneamente.
“Nós somos uma banda de heavy metal que prioriza a autenticidade. Fazemos uma releitura do que de melhor foi feito antes de nós em termos de música pesada, mais especificamente nos anos 80 e 90, mas de forma a criar um conceito musical diferente, em sintonia com a individualidade de cada componente”, disse o vocalista Rodrigo Sinopoli.
As letras retratam com clareza a degradação humana, mostrando que a evolução pode na verdade não estar sendo tão positiva assim, narrando um futuro que pode ser na verdade distópico se a condução humana continuar neste sentido. A capa, muito bem desenhada, é obra do próprio Rodrigo, que conseguiu expressar de modo claro o sentido conceitual do álbum.
“Tentamos reproduzir a escala evolutiva, vista de trás para frente, colocando o observador como parte da ilustração. Trata-se da nossa escala ‘involutiva’. Na arte, o homem e seus ideais destrutivos foram esmagados pelo ‘Primator’ – uma entidade bestial – enquanto os outros retrocedem em direção oposta, em busca de redenção e uma nova oportunidade de consertar tudo o que deu errado. A responsabilidade em assumir esta mudança é justamente minha, sua e de quem se encontrar de frente com a ilustração”, afirmou o vocalista.
Uma das grandes inspirações para “Involution” é o livro “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, em que muitos elementos formaram interpretações atuais e músicas com muito sentido para o cenário internacional. A análise filosófica presente é muito relevante e levanta questões extremamente importantes.
“Sempre protegido por sua certeza, o ser humano precisa destruir para construir e subjugar os mais fracos para obter sucesso. Nós, então, traçamos um paralelo entre o que realmente é a evolução, a posição da raça humana na escala evolutiva e a percepção de que a busca pelas coisas mais simples pode ser o segredo para a felicidade. Nossa ideia é que precisamos dar um passo atrás e repensar novamente nosso caminho”, concluiu Rodrigo.
Márcio Dassié e Diego Lima impõe um som forte de guitarra, sabendo muito bem o momento de condensar o som, além de “atacarem” nos pontos ideais das músicas. Na parte rítmica, André dos Anjos (baixo) e Alexandre Birão (bateria) não pecam na condução, fazendo toda a retaguarda para o quinteto.
Faixas como Primator, Erase The Rainbow, Playing For Nothing e Involution são destaque, num disco extremamente bem feito. A produção de Daniel de Sá não pecou em nada, tendo como resultado um disco de alto padrão de qualidade, que não deve em nada para produções internacionais.
Involution – 2015
1- Primator
2- Deadland
3- Flames of Hades
4- Caroline
5- Black Tormentor
6- Let Me Live Again
7- Face The Death
8- Erase The Rainbow
9- Praying for Nothing
10- Involution
Primator:
Rodrigo Sinopoli (vocal)
Márcio Dassié (guitarra)
Diego Lima (guitarra)
André dos Anjos (baixo)
Alexandre Birão (bateria)
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