Uma das músicas mais conhecidas da carreira solo do músico conhecido como o “príncipe da escuridão”, Ozzy Osbourne, “Mr. Crowley” é, certamente, uma música muito marcante e muito mais sombria do que parece.
Isso porque a música, lançada em 1980 no álbum Blizzard Of Ozz, foi feita como uma em crítica ao ocultista Aleister Crowley. Crowley foi um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada e influente ocultista britânico, responsável pela fundação de uma doutrina que batizou de Thelema.
Crowley nasceu no dia12 de outubro de 1875, em Warwickshire, Inglaterra, e começou a se interessar por ocultismo por volta de 1898. Ele ficou muito conhecido por ser um poeta, mago, escritor, hedonista, e crítico social.
Uma de suas principais façanhas envolvia “ir contra os valores morais e religiosos do seu tempo”, defendendo a liberdade individual e espiritual baseada no principal lema thelêmico: “Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”.
Por isso, Crowley acabou ganhando imensa notoriedade em vida, e foi tachado pela imprensa britânica como “The wickedest man in the world” (algo como “O homem mais ímpio do mundo”). Sua influência permanece conhecida até os dias de hoje.
Na série Sobrenatural (ou Supernatural, no idioma original), Crowley é introduzido no décimo episódio da quinta temporada, se tornando um personagem muito querido pelos fãs da série. Porém, apesar do mesmo nome e o envolvimento com o oculto, o Crowley da série tem suas diferenças do real.
Na trama da série, Fergus Roderick MacLeod foi um humano que, após a morte, tornou-se Crowley, um poderoso demônio, conhecido como Rei dos Demônios de Encruzilhada e do Rei do Inferno, após o segundo aprisionamento de Lúcifer.
Inicialmente tido como braço direito de Lilith, Crowley ajuda os irmãos Winchester a selar o Diabo em sua jaula, o que ocasionalmente, torna o trono do Inferno livre para que ele possa tomar posse e se tornar o novo rei.
A influência de Crowley na música
Apesar da “infâmia” gerada pela mídia, Aleister Crowley foi considerado o septuagésimo terceiro maior britânico de todos os tempos, segundo uma enquete da BBC, por influenciar e ser referenciado por numerosos escritores, cineastas e, principalmente, músicos.
Além de Ozzy Osbourne, Crowley serviu de inspiração para nomes como Jimmy Page, Alan Moore, Bruce Dickinson, King Diamond, Marilyn Manson, John Lennon, Kenneth Anger, David Bowie, Fernando Pessoa e até mesmo, Lana Del Rey.
Em referências mais diretas na música, Crowley é citado no clássico de 1974 “Viva a Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas, lançado no álbum Gita. Toda a letra da música é uma referência às obras e ensinamentos de Crowley.
Além disso, Crowley também serviu de influência para bandas mais agressivas, como a banda brasileira de Black Metal Mystifier, que tem não só uma música, como um disco inteiro dedicado ao famoso ocultista.
Porém, o maior cultuador da obra de Aleister Crowley, sem sombra de dúvidas, é Jimmy Page, o ex-guitarrista do Led Zeppelin. Nas primeiras edições de Led Zeppelin III (1970), vinha escrito no disco as frases “Do what thou wilt” e “So mote be it”, ambos lemas de Crowley.
Muito além de estudar a obra de Crowley, Page chegou a comprar a mansão em que o ocultista morou na beira do Lago Ness, na Escócia. A Boleskine House, como era chamada, permaneceu nas mãos do músico até 2009.
Segundo uma entrevista cedida pelo músico em 1975, a casa foi construída em cima de um terreno onde havia uma igreja que foi incendiada com seus fiéis dentro.