Um dos momentos mais marcantes da carreira de Michael Jackson foi a gravação do clipe They Don’t Care About Us em 1995. O rei do pop contou com a direção de Spike Lee e decidiu vir ao Brasil para capturar as imagens de sua música.
Para ilustrar sua letra de denúncia das injustiças sociais e racismo, Jackson decidiu embarcar rumo ao Brasil para gravar no Morro Dona Marta e nas ruas de Salvador. No entanto, a possível vinda do cantor causou grande alvoroço no Rio de Janeiro. Governador, prefeito e até mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso iniciaram uma longa e pública discussão.
Em meio a este caos, José Luis de Oliveira, presidente da Associação dos Moradores da Favela Dona Marta, encaminhou um abaixo-assinado ao presidente FHC para negociar a gravação do clipe de Michael Jackson. Oliveira afirmava que essa negociação seria benéfica para a região e o cachê poderia auxiliar na reforma de creches e na abertura de um ambulatório.
O pedido de José Luis de Oliveira foi acatado, mas neste momento a Sony já havia deixado claro que o Rio de Janeiro estava fora dos planos. Foi então que Spike Lee puxou a responsabilidade e disse que iria resolver a situação. O cineasta Spike se encontrou com o líder do tráfico local, Márcio Amaro, mais conhecido como Marcinho VP, e negociou a presença de Michael no local. A condição para gravar? A polícia não poderia subir o morro. Dito e feito: MJ e Lee gravaram o videoclipe sem a presença da polícia.
Michael Jackson quase foi impedido de vir ao Brasil por Pelé
No momento em que Michael Jackson anunciou que viria ao Brasil, os políticos da época mostraram-se contrários à gravação do vídeo. Havia medo de que o clipe pudesse denunciar a pobreza dos locais e as falhas dos governos, prejudicando a imagem do país que estava concorrendo a sede das Olimpíadas de 2004.
Com isso, o secretário estadual da época, Ronaldo Cezar Coelho, pediu ao Ministério das Relações Exteriores que negasse o visto de MJ e Spike Lee, e contou com o apoio de figuras como o falecido jogador de futebol Pelé. Na época, o cineasta destacou que o ex-jogador não era um grande representante político.
“Ele pode ser o maior jogador de futebol do mundo, mas certamente não é o melhor político”, comentou Spike Lee.