Em 1967, a lista de maluquices do baterista do The Who, Keith Moon, já era tão extensa que ninguém ousava duvidar de sua insanidade. Mas, mesmo assim, ninguém podia imaginar que ele fosse capaz de explodir seu instrumento em pleno palco.
Numa apresentação no programa The Smothers Brothers Comedy Hour, nos Estados Unidos, em 17 de setembro de 1967, a banda, conhecida pela destruição no final de seus shows, chamava atenção do público americano, para quem aquilo ainda era novidade.
Moon teve a ideia de esconder na bateria um pequeno canhão com pólvora teatral, que, por motivos óbvios, apenas a produção, com profissionais especializados, poderia carregar. No entanto, Moon comprovou que seguir ordens não era seu forte. O insano baterista encheu o canhão de pólvora escondido de todo mundo, até mesmo seus companheiros de banda.
Segundo o diretor Jeff Stein, a quantidade de explosivo utilizada “era 10 vezes a quantidade de pólvora legalmente permitida num palco”. Stein contou que Keith subornou o contra-regra, e que provavelmente o havia embebedado.
Cabelos em chamas e surdez de Pete Townshend
Ao subir ao palco, a banda dublou seu novo single, “I Can See for Miles” e depois os integrantes foram apresentados de forma leve e bem humorada.
Em sequência, a banda tocou “My Generation”, dessa vez sem playback, pois, em seu clímax, eles destruiriam seus instrumentos. Conforme o combinado, Keith Moon chutou a bateria, enquanto Pete Townshend jogava a guitarra no ar e apunhalava o amplificador com ela.
Quando a música cessou e todos no palco sentiram que o número havia chegado ao fim, Moon ativou seu canhão, carregado com pólvora suficiente para vários disparos. O estúdio tremeu, chegando a balançar as câmeras, e uma nuvem de fumaça tomou conta do palco.
Pete Townshend, o mais próximo do canhão, surgiu de dentro da fumaça. Visivelmente incrédulo, ele estava descabelado e com o dedo no ouvido afetado pelo estouro. “Meu cabelo pegou fogo”, contou ele posteriormente, “e minha audição nunca mais foi a mesma.”
Keith Moon também se machucou: um estilhaço de um dos pratos da bateria cortou seu braço como uma lâmina. O vocalista Roger Daltrey, que sabiamente já havia tratado de se afastar, não sofreu nada. Também saiu ileso o baixista John Entwistle que mal se moveu, mesmo com o ocorrido.
Nos anos 60, performances agressivas eram comuns, como por exemplo Jimi Hendrix colocando fogo em sua guitarra. Mas o The Who marcou nesta data não só a história da música, mas também da televisão com uma performance explosiva, literalmente.
Vídeo do momento da explosão: