Hospital Colônia de Barbacena: horrores são retratados em “Holocausto Brasileiro”
Uma das novidades da Netflix no último fim de semana foi o chocante documentário “Holocausto Brasileiro” (2016), baseado no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex. Tanto o livro quanto o documentário relatam a história do Hospital Psiquiátrico Colônia de Barbacena, Minas Gerais, em 60 mil pessoas morreram devido a maus tratos e às condições desumanas às quais os pacientes eram submetidos.
Arbex localizou ex-funcionários e sobreviventes do hospital, que relataram as situações chocantes que eram cotidianos no local, como pacientes obrigados a se alimentarem de ratos. Outro fato chocante revelado pelo livro é um verdadeiro comércio de cadáveres que o Colônia mantinha com várias faculdades de medicina, que eram coniventes com os maus que a instituição cometia.
O Colônia também se tornou um símbolo de higienismo e segregação social. “O centro recebia diariamente, além de pacientes com diagnóstico de doença mental, homossexuais, prostitutas, epiléticos, mães solteiras, meninas problemáticas, mulheres engravidadas pelos patrões, moças que haviam perdido a virgindade antes do casamento, mendigos, alcoólatras, melancólicos, tímidos e todo tipo de gente considerada fora dos padrões sociais”, explica a sinopse do livro na Amazon. Aliás, a maioria dos pacientes do Colônia não tinha diagnóstico de doença mental.
“Essa história é toda muito chocante. Foram momentos muito difíceis, revelações muito graves. No processo do livro, eu vivi um momento na apuração das reportagens que eu tinha acabado de ser mãe e estava entrevistando mulheres que tiveram seus filhos arrancados. Foi muito duro”, comentou a autora Daniela Arbex em entrevista de 2016 ao Brasil de Fato.
“Holocausto Brasileiro” inspirou filme de ficção
“Ninguém Sai Vivo Daqui”, que foi o filme de abertura de Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em dezembro, tira inspiração dos relatos do livro com toques de ficção.
“Começo dos anos 1970. A jovem Elisa engravida do namorado e é internada à força pelo pai no Hospital Psiquiátrico Colônia, em Barbacena, Minas Gerais. Após passar por muitos abusos, Elisa, junto com outros colegas injustiçados, lutará para encontrar uma maneira de fugir dessa sucursal do inferno” (sinopse do Festival de Cinema de Brasília).
O longa dirigido por André Ristum (“O Outro Lado do Paraíso”) conta com nomes como Andréia Horta (“Elis”), Augusto Madeira (“Tropa de Elite”), Rejane Faria (“Marte Um”) e Naruna Costa (“Irmandade”).
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