Tocando piano desde os 8 anos, Harry Waters, filho do lendário baixista e fundador do Pink Floyd, Roger Waters, está em turnê com o projeto McNally Waters, com o experiente Larry John McNally (Eagles, Rod Stewart). Em entrevista ao Música e Cinema, Harry falou sobre a carreira, paixão pelo jazz e cinema, além das referências na música brasileira.
Os shows com McNally, que apresentam muita influência de jazz, passaram recentemente pela América do Sul, em países como Uruguai e Argentina.
“Nós nos encontramos em uma festa de um amigo mútuo e compartilhamos um amor comum sobre a música de New Orleans. Começamos a tocar juntos logo depois disso. Temos uma grande coisa fluindo, escrevemos juntos e há um mês acabamos de terminar uma longa tour na América do Sul que foi fantástica”, disse Harry.
*Todos os trabalhos de traduções são de Caudo Feitosa.
Mesmo com influências de jazz, o trabalho com McNally traz muitas outras influências. Além deste projeto, Harry toca com sua banda solo e esteve durante os últimos 15 anos em turnê com Roger Waters.
“Eu comecei a realmente gostar de ouvir jazz com mais ou menos 20 anos. Então aprendi algumas músicas e criei uma banda de jazz. Nos últimos anos estive tão ocupado com meu novo projeto McNally Waters e com o trabalho para a TV e jogos que eu toquei muito pouco jazz desde que cheguei na América. Meu tempo é gasto principalmente escrevendo e compondo no meu estúdio”, afirmou Waters.
A versatilidade do jazz
Mesmo não executando muitos shows de jazz, Waters acredita que sua versatilidade em estilos faz com que as os elementos se fundam: “Ter aprendido a improvisar ajuda bastante quando estou trabalhando em outras áreas. A música se entrelaça de um jeito ou de outro. Se você aprende algo em um aspecto, pode encontrar um uso para ele em outro lugar.”.
Apresentação completa da Harry Waters Band na Argentina:
“vou duas vezes na semana para o cinema”
Com diversas composições para o cinema e games, Harry dedica um bom tempo para assistir filmes e listou alguns de seus filmes favoritos.
“Eu sempre amei filmes e vou duas vezes na semana para o cinema. Eu vejo quase tudo. Sem uma ordem particular, eis os filmes que eu gosto: American Werewolf in London. Get Out (que eu vi na noite passada). The Thing. Full Metal Jacket, Magnolia, Happiness, The Man Who wasn’t there. Esses são apenas alguns que vem à minha cabeça agora”.
Música brasileira: “Conheço Jobim”
Passando em algumas oportunidades pelo Brasil, acompanhando Roger Waters, o pianista afirmou não ter tido muito tempo para ouvir músicas locais, porém citou Tom Jobim como referência.
“Conheço Jobim obviamente, mas não sei muito sobre a música brasileira. Nós não passamos muito tempo em outros países quando estamos em turnê, por isso pode ser difícil absorver a cultura quando estamos trabalhando”.
Sobre shows no Brasil, Waters é objetivo:
“Claro, nós amaríamos. Queremos tocar o máximo possível, se o Brasil nos receber, nós vamos. Veja o EP McNally Waters no nosso site mcnallywaters.com. Caso haja um interesse suficiente, nós certamente iremos ao Brasil!”
Shows com Roger Waters e o cenário musical
A carreira de Harry tem contrastes entre os shows com Roger Waters, em que encara estádios lotados, com shows mais intimistas, seja com seu projeto solo ou parcerias.
“Eu gosto bastante das duas coisas, grandes shows e shows intimistas. Acho que é saudável trabalhar com ambos”, explica.
Sobre o cenário atual da música, cita o valor acessível das tecnologias e o número de produções, porém afirma que é preciso fazer uma boa pesquisa.
“Há definitivamente um monte de música hoje em dia. A ascensão dos equipamentos (Internet, computadores rápidos e baratos, equipamentos de áudio etc), que eu peguei no início, tornou muito mais fácil para qualquer um fazer música com uma qualidade profissional. Eu acho que isso tem lados bons e ruins, você tem mais escolhas, mas há um monte de porcaria lá fora”.