Em 2022, o filme “Holy Spider” estreou em algumas salas de cinema e foi aclamado pela crítica, selecionado para ser exibido em festivais importantes como a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes. Dirigido pelo irariano Ali Abbasi, a produção foi desenvolvida na Alemanha, Dinamarca, França, Suécia e trouxe para as telonas internacionais a história de Saeed Hanaei, um serial killer que tinha como alvo profissionais do sexo e matou 16 mulheres entre 2000 e 2001 em Mashhad, no Irã.
Na trama, acompanhamos uma jornalista que decide investigar essas mortes e mergulha no submundo da cidade iraniana para desvendar os crimes do assassino. No local, ele ficou conhecido pelo codinome Spider Killer, um assassino que acreditava que estava em uma missão espiritual de limpar as ruas do pecado.
Holy Spider não foi aceito no Irã
Após ter feito sucesso em Cannes, a Organização de Cinema do Irã repudiou a produção, dizendo que o filme foi “um movimento insultuoso e politicamente motivado”. Apesar da retaliação, isto não é visto como uma surpresa, já que o país vive em um regime dos aiatolás. Na época do desenvolvimento da produção, Abbasi chegou a pedir permissão para filmar o longa-metragem em Mashad, santuário sagrado do islamismo xiita, um dos cenários dos crimes. No entanto, as autoridades locais não permitiam as gravações.
No festival, o diretor falou sobre o assunto e da censura que sofreu no país: “ Se os censores iranianos tiveram problemas com a violência explícita, o uso de drogas e as cenas de prostituição do filme, eles têm um problema com a realidade, não comigo”.
Em 2022, o Ministro da Cultura e Orientação Islâmica, Mohammad Mehdi Esmaili, disse que o Irã “protestou formalmente ao governo francês por meio do Ministério das Relações Exteriores”, dando a entender que o país aprovou algo que não deveria. Na sua declaração, também disse: “Se pessoas de dentro do Irã estiverem envolvidas com o filme Holy Spider, certamente receberão punição da Organização de Cinema do Irã”.