O The Black Coffins é uma banda ainda muito jovem, mas que já está fazendo grande sucesso no underground nacional com o seu Death Metal clássico, com algumas influências Crust e Doom. A banda foi formada na cidade de São Paulo há aproximadamente 3 anos, contando com Thiago Vakka (vocal), J. Martin (guitarra), A. Beer (baixo) e M. Rabelo (bateria). Na entrevista a seguir, conversamos com o vocalista Thiago Vakka sobre os lançamentos, shows e outras curiosidades. Preparem-se para adentrar no sombrio e tétrico mundo do “Caixões Negros”.
Entrevista com Thiago Vakka (The Black Coffins)
Ricardo Costa: Boa tarde, Thiago. Primeiramente, gostaria muito de agradecer você e a banda por cederem tão gentilmente esta entrevista.
Thiago Vakka: Valeu, cara! Eu que agradeço o interesse pelo The Black Coffins.
Ricardo Costa: Como grande fã do estilo, devo dizer que este é um dos nomes mais legais de banda que já vi. Representa com perfeição o estilo abordado, além de soar muito bem. De onde surgiu esse nome?
Thiago:Sabe que no começo eu até fiquei pensando se funcionaria, já que esse nome remete mais a bandas de Psychobilly, entende? (risos), mas acho que ele soa muito forte e direto. Realmente ele incorpora tudo o que a banda quer passar, tanto visualmente, quanto nas letras… acho que se encaixa muito bem com o conceito todo. O nome surgiu do Nosferatu (a versão do Herzog). Eu já estava procurando um nome pra banda e um dia peguei esse filme pra ver, e em um dado momento, ele mandar os caixões pretos do castelo para a cidade cheios de ratos com o intuito de extinguir a cidade. Na verdade ele usou aquilo definitivamente como uma bomba, uma arma biológica. Quando ele fala “The Black Coffins”, soou tão forte pra mim, que foi a primeira sugestão que mandei pro guitarrista e nem precisamos pensar em outro. Ficamos logo com esse.
Ricardo Costa: Vocês ainda são uma banda em início de carreira, com apenas um split, um full-lenght e um ep lançados. Como tem sido a repercussão do trabalho? O primeiro disco supriu as expectativas? A divulgação tem dado o resultado esperado?
Thiago: Sim, acho que a banda não completou nem o terceiro ano de vida ainda. Cara, a repercussão tem sido excelente!!! Nós gravamos o full como um disco propositalmente ríspido, com uma identidade muito forte que não agrada a qualquer um. Acho que isso foi o que mais surpreendeu, foi o tanto de resposta positiva sobre ele. Acho que toda divulgação dá resultado, alguém sempre acaba, pelo menos por curiosidade, esbarrando na banda e por vezes gostam.
Ricardo Costa: O primeiro disco Dead Sky Sepulchre foi lançado pelo selo do nosso amigo Fernando Camacho, o Black Hole Productions. Como surgiu essa parceria?
Thiago: Eu mantenho contato com o Fernando há alguns anos, mas só o conheci pessoalmente em 2007 no “Splatter Day Fest” em Joinville, quando toquei com uma outra banda minha. Ele montou a barraquinha da BHP e eu lembro de ficar trocando idéia com ele e ter pego o play do Osculum Obscenum. Depois o tempo passou, o The Black Coffins surgiu, e quando gravamos o Dead Sky Sepulchre ele disse que tinha total interesse em lançar e assim foi. Foi ele quem fez todo o encarte do play também; aliás, pra nós é um puta orgulho poder trabalhar com o cara em um selo tão clássico.
Ricardo Costa: O full-lenght tem uma arte maravilhosa, bem como seu título. Com eles, já podemos perceber toda uma aura negra e macabra, como todo bom disco de Death Metal. De onde surgiu a idéia da concepção da arte? O conceito todo é de vocês ou foi feito em parceria com o artista?
Thiago: Valeu! O conceito da arte partiu de nós mesmos. Guiamos o Kons, da Viral Graphics pela ilustração, mandando um monte de referências e as letras. Tudo no disco remete a processos fúnebres de civilizações orientais, como Sky Burial e as Torres de Silêncio. Nós quisemos que tudo isso tivesse o clima mais tétrico e não falamos só do funeral do corpo, mas o fim e o enterro do planeta terra, do céu e do sol. A extinção da humanidade não por bombas atômicas, ou catástrofes, mas alguma divindade batendo o último prego do nosso caixão. Por isso a cobra com chifres engolindo o sol na capa, saindo de um trono em monumento que remete às Torres de Silencio. Acho que tudo isso casa muito bem com o título que escolhemos.
Ricardo Costa: O som praticado por vocês é o bom e velho Death Metal, calcado nos moldes suecos do estilo, das grandes bandas do início dos anos 90 (Entombed e Dismember principalmente). Percebe-se também um acento doom e até mesmo crust em algumas passagens. Essas são suas principais influências? Vocês quiseram prestar alguma homenagem a algumas destas bandas tão maravilhosas?
Thiago: Acho que soar como as bandas de death metal sueco do início dos 90 era uma preocupação no começo, mas no meio disso tudo a gente aplica tanto elemento, como você falou, usamos muito de Doom e Crust que no fim das contas a gente nem se sente como uma banda tradicional, a gente procura fazer nosso som, sem preocupação de como vai sair. Só fazemos o que gostamos e do jeito que queremos, claro que embasados naquilo que aprendemos e crescemos ouvindo que é Death Metal.
Ricardo Costa: E como estão os shows? Vocês se apresentaram em SP e em várias cidades do país. E quanto a turnê internacional? Vocês foram cogitados pra se apresentar no grande festival underground, o Obscene Extreme em Trutnov, Rep. Tcheca. O show aconteceu? Como foi a reação do público?
Thiago: O shows estão sendo cada vez melhores. Tocamos recentemente no sul, em São Leopoldo, com casa cheia. Esse último fim de semana na “Donator’s Party”, aqui mesmo em São Paulo que foi demais. O lugar ficou lotado, muita gente mesmo. Um dos shows mais foda que fizemos até hoje em termos de público.
Infelizmente não rolou o OEF, embora estivéssemos com o nome no flyer, tivemos alguns problemas burocráticos e tivemos que abrir mão em 2013, mas em 2014 planejamos alguma coisa e dessa vez não teremos problemas, assim espero.
Ricardo Costa: O último lançamento de vocês foi o ep III – Graveyard Incantation, inicialmente lançado apenas em vinil. Como tem sido a repercussão deste novo trabalho? Pretendem lançá-lo também em cd?
Thiago: O III ainda não saiu fisicamente, mas já está encaminhado agora, parece que logo menos estará na praça. Não temos a intenção de soltar ele em cd, a não ser que mais pra frente saia junto com alguma outra coisa de bônus. A repercussão tem sido excelente, críticas extremamente positivas e alguns reviews saindo com nota 9/10; 10/10. Temos muito orgulho dele. Acho que as músicas evoluíram muito do Burial Breed até o Graveyard, a forma como pensamos e estruturamos as músicas está muito mais sólida pra gente. Do tipo que todo mundo na banda sabe onde a música quer chegar quando temos um riff novo.
Ricardo Costa: Hoje em dia existem os mais variados estilos de Death Metal: O brutal Death Metal, o Slamming, o Technical, o Death Grind, enfim. Alguns deles, de tão brutal e barulhentos que são, acabam por se tornar maçantes; vocês, contudo, praticam o autêntico Death Metal, sem invencionices e experimentalismos. A idéia é essa mesmo? Praticar o Death puro e simples? Pra que mexer em algo que dá tão certo, não é mesmo?
Thiago: Cara, pra mim quando penso em Death Metal, vem Obituary, Deicide (velho), Entombed, Incantation e Gorefest na cabeça. Essas foram minhas referências desde que caí nessa quando era moleque. Pra mim beira o insuportável ouvir uma banda como Origin, por exemplo. Além de sem vida, é uma punhetação totalmente sem propósito. Ser o mais rápido e técnico como se fosse uma competição pra pegar um troféu, quando no fim de uma música, você não consegue lembrar um riff sequer do que aconteceu ali. Minha referência de death metal técnico seriam bandas como o Gorguts e o Demilich, por exemplo, que ainda mesmo com toda técnica, são uns puta poços de imundície, denso e pesado pra caralho.
Mas como eu falei, só queremos fazer death metal de um jeito que a gente se sinta livre pra trampar com todas as nossas influências. Mesmo que a gente fuja muito do que é um Obituary, toda a base e o conceito da coisa estão ali, o resto é só a forma de sentir que estamos fazendo algo relevante.
Ricardo Costa: Vocês lançaram um clipe para a música Hate’ 96. Pretendem lançar mais algum clipe para divulgação?
Thiago: É uma possibilidade. Estamos conversando sobre isso porque agora temos muitos elementos visuais e precisamos fazer com que as coisas pareçam fazer sentido em um vídeo e não fazer apenas por fazer. Tenho algumas idéias, mas ainda vamos trabalhar nisso e talvez no começo do ano a gente comece a produzir.
Ricardo Costa: Qual o próximo lançamento? Já existe algo pronto? Planos para um dvd?
Thiago: Já estamos trabalhando no próximo lançamento, já temos algumas músicas prontas e ano que vem tem coisa nova por ai. Estamos trabalhando em um disco conceitual que vai ser metade death metal e a outra metade, que ainda não podemos revelar porque ainda é só o embrião de uma idéia que está começando a ganhar vida. Mas posso adiantar que é totalmente diferente. Não temos planos pra DVD, as 7 pessoas que vão aos shows poderiam cobrar muito caro pelo direito de imagem (risos).
Ricardo Costa: Os shows da banda têm recebido muitas críticas positivas. Isso demonstra profissionalismo e competência. Ultimamente você tem utilizado uma máscara durante as apresentações. De onde surgiu a idéia? Ela tem algum significado específico?
Thiago: Desde que resolvemos a banda, a formação ficou sólida e todas as músicas tomaram seu rumo conceitual, que basicamente é tudo que envolve processos fúnebres, eu pensava de uma forma que os shows também fossem tétricos e com o clima mais pesado que conseguíssemos e chegou em um ponto que precisava dar forma à essa idéia. Eu quero que nossos shows realmente entreguem o que queremos passar com nosso som. Ainda tem muita coisa pra mudar, a própria máscara vai ficar diferente para os próximos shows. Mas não é aquele lance de esconder o rosto a todo custo e esses blá, blá, blás de bandas que usam esses artifícios visuais. É só a forma que encontrei de transmitir a forma como eu encaro a banda e o que a música do Black Coffins representa pra mim.
Ricardo Costa: Bom, Thiago, é isso. Muito obrigado pela sua atenção e muito sucesso pro BC. Alguma consideração final para os nossos leitores?
Thiago: Valeu cara! Muito obrigado pelo interesse.
Ouçam Manowar.
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achei que era o Fat Family
Quero ver ser mais pesada que vulcano e/ou sarcófago. KKKKKKKKKKK
Com certeza é Fat Family