O Música e Cinema teve a oportunidade de entrevistar com exclusividade o cantor Parí Carpigiani, que já participou de bandas como “9 Mil Anjos” e “Fuga” e atualmente trabalha na sua carreira solo, divulgando seu álbum mais recente, chamado de Horizonte Vertical, álbum este que conta com participações especiais como a de Kiko Loureiro.
Sobre Perí Carpigiani
Perí tem longa carreira, trabalhando com diversas bandas, tendo parceria com diversos músicos, além disso também já participou de musicais, produzindo algumas trilhas sonoras.
Na carreira solo, Perí Carpigiani mostra atitude, lançando musicas com belas letras e fortes arranjos.
Entrevista com Perí Carpigiani
Leonardo Caprara: Perí, vamos começar falando sobre o seu “novo álbum”, qual a consideração final sobre poder lançar um trabalho solo?
Perí: Eu estou em fase de criação e produção do meu segundo CD solo. Acredito que seja mais fácil a cada CD, porque a gente vai aprendendo muito durante o processo, não só na parte musical, mas também na parte burocrática. O artista não deixa de ser um “empresário”, um “produto” e isso é difícil de entender e aprender também, porque minha cabeça é mais naturalmente ligada à área da criação. O meu primeiro CD, “Horizonte Vertical” é o começo de um estilo no qual eu vou dar sequência e me aprofundar. Antes ainda, nas bandas Fuga e 9 Mil Anjos, onde eu também fui letrista e vocalista, eu não tinha o compromisso de falar e ser entendido, falava só sobre o que eu queria, usando palavras, muitas vezes, que faziam sentido só pra mim. Depois dessas bandas, me veio a vontade de me comunicar com o grande público, e pra isso, o exercício é falar das coisas que eu sinto e vejo, de uma forma mais simples – o que na verdade é muito mais difícil, sem perder a qualidade musical, de produção, etc. No Horizonte Vertical, eu gravei 17 faixas, da mais pesada (…como dizia Spike Lee), até uma balada romântica pop (Nada mais…). É um CD versátil, que conversa com público de todos os segmentos. Esse é a minha ideia. Misturar as minhas influências musicais e de vida, transformando em música.
Leonardo Caprara: A experiência adquirida em outras bandas ajudou na hora de fazer o álbum?
Perí: Com certeza ajuda muito, pelo seguinte: a minha primeira banda (Fuga) era um laboratório musical. Foram quatro álbuns e três clipes, mas, eram gravações caseiras, feitas por amigos que estavam aprendendo a usar seus equipamentos e estúdio. A Nove Mil Anjos, sim, foi uma banda de grande dimensão, gravamos em Los Angeles, com estrutura de “banda gringa”, estreamos no VMB, tocamos em muitos programas de TV de grande porte, etc. Eu entendi ali a máquina, o mercado musical de uma certa forma. Então foi como se eu tivesse no primeiro andar de um prédio e de repente já estivesse no vigésimo andar, sem passar por todos os outros. Isso é muito bom, porque te da uma noção de que existe muito mais do que você conhecia, você entra em contato com pessoas que sempre foram seus ídolos, aprende com eles, mas, por outro lado, você não vê o que acontece em todos esses outros andares que passaram entre o primeiro e o vigésimo (rs). Mas, o fato é que nesse caminho, eu soube escolher os amigos, as parcerias e as equipes, com quem eu conto e trabalho até hoje, e é nisso que eu me apoio pra dar sequência no meu trabalho. A diferença é que você tem a experiência e sabe que se garante, mas é preciso humildade pra ir reconquistando passo a passo o seu espaço.
Leonardo Caprara: Qual a maior influência para este álbum?
Perí: O meu dia-a-dia, a simplicidade, o amor e, principalmente, a versatilidade. Eu continuo buscando a mistura de estilos musicais que me agradem. Mas, acho que se for pra simplificar, vai ter essa cara com influências de pop, MPB, rock, eletrônico e rap. São os estilos que eu mais ouço. Eu canto jazz também, toco percussão com uma banda de amigos recém chegados da Espanha e também acompanho, tocando bateria, a Maria Christina, cantora que participou do programa “The Voice”. Mas, o próximo CD solo, vai continuar sendo versátil, falando de amor e, ao mesmo tempo, das pessoas que não têm onde morar e estão perdidas no centro de São Paulo, onde eu costumo ir pra vivenciar um pouco uma realidade diferente da minha, por exemplo. A maior influência é o dia-a-dia mesmo.
Leonardo Caprara: Quais os seus planos para o restante de 2013?
Perí: Fazer o segundo clipe do Horizonte Vertical, enquanto termino a produção do segundo álbum, e também fazer o máximo de shows possível. Essa é, pra mim, a melhor parte: o show. No show é que eu converso de verdade com a galera, e nosso repertório é vasto, da pra abrir o show da Ivete Sangalo, e também do Sepultura. É uma questão de escolher o repertório e ir pro palco.
Leonardo Caprara: Pretende em algum momento retomar algum projeto como a 9 Mil Anjos?
Perí: Eu gostaria de fazer uma reunião com eles sim, fazer um som, principalmente, pelo Junior Lima, que além de grande músico, é um dos meus melhores amigos hoje em dia. Um cara que me conhece, porque a gente conviveu bastante durante a 9MA. Mas, acredito que com o nome “9 Mil Anjos”, isso não deve ocorrer. Quem sabe um dia algum projeto novo, mas ainda nem falamos a respeito.
Leonardo Caprara: Qual a satisfação de poder trabalhar com músicos como Kiko Loureiro?
Perí: O Kiko Loureiro sempre foi um cara diferente. Toca muito. Tem visão ampla sobre a música. Quando ele topou gravar a música Paciência (que é do Lenine, MPB), eu achei demais, porque era exatamente o que eu queria. Misturar estilos, nesse caso, o metal com a MPB. O Kiko tem cabeça aberta e as guitarras que ele colocou nessa música são geniais.
Leonardo Caprara: Pretende lançar novos álbuns?
Perí: Sim, já estou fazendo o segundo, e na sequência, outros virão.
Leonardo Caprara: O que pode dizer de sua participação em musicais, como foi a nova experiência?
Perí: Musical é importante pro vocalista aprender muita coisa. Porque a base do musical está na interpretação do texto, muitas vezes, mais do que só na música. Você tem que aprender a atuar de verdade e dar a sua verdade ao texto, ainda por cima, cantando. Não é nada simples e eu admiro muito a galera que faz musical bem. Tenho vontade de fazer mais, às vezes aparece um convite ou outro, mas, nem sempre eu posso. Quando eu tiver a oportunidade e a peça me agradar, eu acho legal voltar a fazer, porque é um aprendizado muito grande.
Leonardo Caprara: Como você avalia o mercado para quem está começando no mundo da música?
Perí: Dependendo do estilo, isso varia. Dependendo do artista também. Se você quiser lançar um CD de músicas que estão na moda, só pra obter “fama”, isso pode te dar uma carreira curta. Se você está comprometido em realmente criar algo novo, isso vai ser mais difícil de realizar e, ao mesmo tempo, mais duradouro e de maior realização. A certeza que eu tenho é que nada é fácil, e que tudo que vem fácil, vai fácil também, ou não atrai as pessoas por muito tempo.
Leonardo Caprara: Tem algum músico que você ainda não trabalhou, mas gostaria?
Perí: Muitos. Brasileiros, eu citaria a Mallu Magalhães, porque acho ela simples. A banda Cansei de Ser Sexy, pela “ironia divertida” que elas têm. O Mano Brown, porque pra dividir uma letra com um cara desse você tem que ser bom. Para citar outros: Criolo, Elza Soares, Maria Gadú, Ivete Sangalo, Andreas Kisser e Lenine, que apesar de eu já ter gravado uma música com ele, trabalhar diretamente, seria demais.
Leonardo Caprara: Muitos não sabem como é a vida dos artistas fora dos palcos, o que você gosta de fazer? Já que estamos no país do futebol, para que time torce?
Perí: O meu esporte favorito é o skate, sou fã do Bob Burnquist, ele é tipo um gênio desse esporte. Eu acredito muito em esporte individual, no qual cada um vai lá e faz o seu, sem ser luta ou time. São os meus preferidos. Eu torço pro Palmeiras, mas não sou fanático, sabe? Nem sei os resultados… Mas, pratico skate, natação, jiu jitsu e até boxe eu tenho feito um pouco.
Leonardo Caprara: Em questões de cinema, o que você gosta de assistir?
Perí: Eu já estudei artes cênicas. Estudei solos de teatro com a Denise Stoklos e cinema no Studio Fátima Toledo. Eu me preocupo em entender esse universo da atuação, tanto pra TV, como pra teatro ou cinema, porque são coisas completamente diferentes umas das outras. Parece que é tudo a mesma coisa, mas não é. E atuar em vídeo clipe então, é um outro tipo ainda de atuação. Eu gosto de assistir filmes orientais, Akira Kurosawa, por exemplo. Um filme que eu gosto muito chama ‘O Herói’, dirigido pelo Quentin Tarantino. É muito simbólico. É difícil citar um filme só (rs), dos filmes nacionais, eu gosto de um que se chama “Iracema, a Transamazônica”, que é um documentário que relata a construção da rodovia Transamazônica de um jeito muito próprio. “Cidade de Deus” também é um grande filme. Existem tantos…
Leonardo Caprara: Para finalizar, deixe um recado para os leitores do Música e Cinema:
Perí: Primeiramente, muito obrigado pelo espaço e a todos que leram essa entrevista.
Gostaria de convidar vocês pra conhecerem e curtirem a nossa página no Facebook
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Muito obrigado, mais uma vez, e até breve!!!!!