A banda Velhas Virgens é com toda a certeza uma das maiores do cenário independente brasileiro, lotando casas de shows e vendendo números expressivos de discos, sempre com muita irreverência, tendo em suas letras temas bem humorados, sempre passando por cerveja, mulheres e muito, digo muito, rock n’ roll!
Paulão de Carvalho atendeu atenciosamente o Música e Cinema, respondendo com muita simpatia e falando sobre a história da banda, trabalhos lançados recentemente, cenário brasileiro para o rock, cerveja e é claro, sobre cinema.
Entrevista com Paulão de Carvalho
Leonardo Caprara: Primeiramente é um grande prazer Paulão, então, como a banda começou e qual a relação do nome com o cinema?
Paulão: Começamos em 1986, quando eu e Cavalo nos conhecemos numa escola de musica. O nome vem de um dos últimos filmes do cineasta Amacio Mazzaropi.
Leonardo Caprara: Sobre a temática das letras, em abordar assuntos como cerveja e mulheres, de onde vem a inspiração e o quanto isso é divertido para vocês?
Paulão: A gente fala de coisas que gosta, sempre com bom humor e uma certa dose de acidez, sem meias palavras. As pessoas gostam de ousadia e sinceridade.
Leonardo Caprara: Vocês juntamente com outras grandes bandas, são praticamente os precursores do rock no Brasil, principalmente no cenário independente. Com o passar dos anos, enxergam um avanço na cena ou o público consome cada vez mais menos produtos comerciais?
Paulão: O rock está no Brasil desde a década de 60. Tem muita gente antes de nós. No caso dos independentes, somos indies desde o tempo em que o termo nem era muito conhecido por aqui. Acho que é preciso lutar muito pra sobreviver na independência. São muitas as dificuldades, então é fundamental estabelecer parcerias. No fim das contas, os independentes dependem de um monte de gente! Sim, os fãs adoram lembranças e produtos personalizados e este mercado sempre cresce.
Leonardo Caprara: Pra vocês como é lotar casas de shows e serem conhecidos como a maior banda independente do Brasil?
Paulão: É um orgulho, o resultado de um longo e árduo trabalho. Sempre com muitas dificuldades, mas bem felizes pela liberdade e respeito que conquistamos! Ninguém mete o dedo nas nossas decisões a não ser nós mesmos.
Leonardo Caprara: Para quem faz rock no Brasil hoje em dia, quais os melhores e piores pontos?
Paulão: Um ponto ruim é que há muita concorrência de outros gêneros musicais mais populares que o rock. Isso limita locais para apresentação. Mas quem curte rock é fiel e acaba achando meios pra assistir aos shows da sua banda favorita.
Leonardo Caprara: Qual a relação que a mídia e principalmente a televisão tem com o auge de gêneros musicais superficiais e de massa?
Paulão: Os grandes meios de comunicação, num passado não muito distante, praticamente ditavam o que iria ser visto e ouvido pelas pessoas. Com a ampliação do alcance da internet este poder se pulverizou. A internet é uma janela democrática que permite a qualquer um divulgar seu produto num custo baixíssimo. É uma ferramenta poderosa para os artistas.
Leonardo Caprara: Vocês tem a própria cerveja do Velhas Virgens. De onde surgiu a idéia e como foi o processo de composição e produção do produto?
Paulão: A idéia está no nosso logotipo desde a fundação da banda e nas letras das musicas: somos fanáticos por cerveja. Nosso baixista Tuca Paiva é cervejeiro caseiro e foi se aperfeiçoando até o ponto em que suas receitas ficaram num nível profissional. Ai estabelecemos uma parceria com a Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto, que produz, engarrafa e rotula nossos três sabores. Daí, a gente faz a distribuição a partir de São Paulo.
Leonardo Caprara: E agora com o novo lançamento, realmente, todos os dias a cerveja salva sua vida?
Paulão: Desde sempre. A cerveja é uma bebida que promove o encontro, a amizade. Então ela é o lubrificante ideal para recuperar as energias e relaxar. Salvação engarrafada!
Leonardo Caprara: Para o novo álbum, vocês utilizaram novamente o crowdfunding, como está sendo essa experiência?
Paulão: Foi ótima, pois além de conseguirmos dinheiro para fazer um trabalho de qualidade, pudemos premiar os fãs e aproxima-los do processo de produção do disco que é feito pra eles mesmos. Foram cerca de 850 colaboradores e todos figuram no encarte como produtores executivos do disco. Nosso público é nossa maior riqueza.
Leonardo Caprara: Poucas pessoas sabem que você tem grande trabalho realizado na televisão, como é essa experiência de contribuir para um grande canal de TV aberta?
Paulão: Sempre tive medo das idas e vindas e instabilidades que povoam a vida de quem vive de música, por isso mantive esta atividade paralela que é escrever pra TV. Sou formado em Comunicação Social com bacharelado em Rádio e TV. É um trabalho divertido e o ambiente é quase tão bom quanto o da música.
Leonardo Caprara: Em questões de cinema, o que podemos esperar do Paulão de Carvalho? Prefere mais lançamentos independentes ou grandes produções?
Paulão: Eu prefiro filmes de aventura e terror. Gosto dos super heróis e ficção científica tb. Mas vou pouco a cinema. Em geral, acabo parando num bar e esqueço de ver o filme.
Leonardo Caprara: E para as novas bandas, além de cerveja, mulher e rock n’ roll, o que mais você recomenda?
Paulão: Muita loucura no palco e muita organização e seriedade fora dele.
Leonardo Caprara: Muito obrigado pela oportunidade, para finalizar, deixe um recado para os leitores do Música e Cinema e fãs do Velhas Virgens?
Paulão: Música não é sabonete. Um verso pode mudar a vida de uma pessoa. Pense globalmente. Atue localmente!(esta frase é do John Lennon)
Abraço e obrigado
Paulão,
O Música e Cinema agradece a atenção de Paulão, que simpaticamente nos atendeu. Gostou? Então compartilhe com seus amigos nas redes sociais e deixe um comentário!