Quando o assunto é música, a pessoa mais indicada para responder qualquer pergunta é Regis Tadeu, um dos maiores críticos da história da música brasileira, tendo uma das opiniões mais fortes e sinceras do Brasil e sendo um grande colecionador de LPs e CDs. Com grande prazer, o Música e Cinema teve a oportunidade de entrevistar Regis, que nos falou sobre sua carreira, influências e principalmente, sua opinião sobre a cena musical brasileira. Se você só pensa em baixar músicas pela internet ou assistir filmes pela grande rede, vai se espantar com a belíssima coleção de Regis Tadeu.
Leonardo Caprara: Hoje você é um dos mais conceituados críticos musicais do Brasil, entretanto, como foi o seu começo de carreira e quando sua paixão pela música começou?
Regis Tadeu: Minha carreira começou de modo totalmente acidental. Em 1994, um dos proprietários da editora que publicava a revista “Cover Guitarra” soube que eu tinha uma enorme coleção de discos e me convidou para fazer algumas resenhas. Fiz e não parei mais.
A paixão pela música começou via rádio e alguns compactos dos Beatles que descobri dentro de uma estante velha em 1966. Daquele momento em diante, a música se tornou uma parte essencial da minha vida.
Leonardo Caprara: Como crítico musical, quais as maiores dificuldades que você enfrentou?
Regis Tadeu: Não enfrentei qualquer dificuldade. Sempre fui sincero e procurei embasar minhas opiniões em argumentos sólidos.
Leonardo Caprara: O que levou você a deixar de lado a carreira de dentista e investir na carreira de produtor e crítico?
Regis Tadeu: As agendas conflitantes. Quando percebi que teria que começar a desmarcar as consultas com os pacientes para poder atender aos meus compromissos com a editora, com os meus programas de rádio e meu trabalho na TV, não tive outra opção.
Leonardo Caprara: Hoje para os críticos, qual a importância da internet? Ela realmente abriu a porta para o surgimento de novas bandas, novos críticos ou continua tudo parecido como antigamente?
Regis Tadeu: Sem dúvida! Hoje o acesso a qualquer tipo de som é rápido e instantâneo. Da parte das bandas, elas têm hoje um universo inteiro de divulgação. Basta saber trabalhar com eficiência…
Leonardo Caprara: Sua coleção de CDs e LPs é uma das maiores do Brasil, quando você começou com essa coleção? você é ciumento com seu material?
Regis Tadeu: Comecei a partir do momento em que minha mãe comprou um LP importado para mim em um de meus aniversários – o primeiro álbum do Black Sabbath, em 1970. Não sou ciumento com relação aos meus discos. Apenas não os empresto a ninguém.
Leonardo Caprara: Atualmente, como você avalia o mercado musical no Brasil?
Regis Tadeu: Completamente dominado por estilos populares e ruins. Quem não está na mídia tem que se contentar em fazer shows nos circuitos do SESC.
Leonardo Caprara: Como você enxerga a nova geração em relação a música?
Regis Tadeu: Muito preguiçosa em relação à pesquisa por novos sons. Infelizmente, a internet amplificou a estupidez de milhões garotos, que se sentem cada vez mais compelidos a não pensar muito. Uma tragédia.
Leonardo Caprara: Você concorda com a opinião de que as pessoas se tornaram burras e preguiçosas em relação a nichos tão importantes quanto a música e o cinema?
Regis Tadeu: Não tenho a menor dúvida disto.
Leonardo Caprara: Hoje temos muitas bandas de qualidade, que ficam num mercado “underground”, você acredita que isso deve-se a uma acomodação do público, que tem preguiça de buscar novidades e não aproveita a internet?
Regis Tadeu: Vide o que acabei de escrever.
Leonardo Caprara: Hoje o LP é desprezado por muitas pessoas e cultuado por outras, na sua visão, qual os maiores benefícios e charmes do LP?
Regis Tadeu: A arte gráfica e a própria qualidade tridimensional do som, algo que o CD digital não consegue reproduzir. Sem contar a arte das capas e dos encartes…
Leonardo Caprara: Muitos colecionadores sofrem por não conseguir se conter quando encontram raridades, mesmo com preços absurdos. Como você é quanto a isso?
Regis Tadeu: Sou muito tranquilo. Sempre estabeleço um “teto financeiro” na compra de qualquer disco e não cometo loucuras, muito menos fico desesperado. Um dos grandes atrativos da compra de LPs é estar no lugar certo e na hora certa.
Leonardo Caprara: Qual a relação da grande mídia com o desaparecimento do rock no mainstream?
Regis Tadeu: A grande mídia virou às costas para o rock assim que percebeu que as camadas mais populares haviam feito isto.
Leonardo Caprara: Muitas bandas lhe procuram em busca de resenhas?
Regis Tadeu: Muitas! Eu diria que a quantidade chega a ser assombrosa…
Leonardo Caprara: Sabemos que você lava seus LPs antes do banho, com um detergente especial. O que você usa para a limpeza dos LPs?
Regis Tadeu: Apenas um detergente de coco, a ação de secagem natural e uma flanela limpa e macia. Mais nada.
Leonardo Caprara: Na sua carreira, qual a maior decepção com o mercado da música?
Regis Tadeu: Ver colegas meus de imprensa fazer resenhas de discos sem ouvir e escrever comentários elogiosos a respeito de shows horrorosos só para não se queimar com a produtora e, com isto, conseguir mais credenciamentos. Uma vergonha!
Leonardo Caprara: Em questões cinematográficas, o que você curte?
Regis Tadeu: Quase tudo. De filmes toscos a grandes produções. No cinema, sou tão eclético quanto na música.
Leonardo Caprara: Muito obrigado pela oportunidade, para finalizar, deixe um recado para nossos leitores:
Regis Tadeu: Abraço a todos e leiam muitos livros. E ouçam todo e qualquer tipo de música
O Música e Cinema agradece muito, pela atenção e enorme simpatia de Regis Tadeu.
Fundador do Música e Cinema, em 2012. Jornalista graduado e gestor da Caprara Network.
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8 Comentários
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Meu querido, bela entrevista! Só faltou você perguntar alguma coisa específica sobre funk ostentação pro Régis descer o cacete na cena toda….hahahahagha! Parabéns!
Hehehe, fica para a próxima, valeu o apoio!
E ainda precisa descer o cacete no Funk? É como chutar cachorro morto, nem esses funkeiros de merda têm autoestima, pois sabem que o que fazem é uma BOSTA! Ninguém precisa dizer; eles simplesmente sabem. O porquê de continuarem a degenerar ainda mais a música é que é o mistério para mim! Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!Rá!
Muito boa entrevista! a cena música brasileira atual é um lixo. Funk decepção e sertanojo universitário(modinha) é sinônimo de grana fácil. Uma pena porque o Verdadeiro sertanejo do mato tem um grande valor.
Sou apaixonada pelo Régis Tadeu… Ótima entrevista!!!!
Crítico de música? o que o Régis da nojo realmente é, UM GRANDE ARROGANTE SEM RESPEITO PELO TRABALHO DOS OUTROS e nada mais! Crítico de bosta, quem se importa com as críticas desse pulha! enquanto ele critica pessoas que fazem sucesso de verdade, ele se doe por ser um “musiquinho” medíocre e sem futuro no cenário musical. Quem quer ouvir esse merda tocando ou cantando.
Ótimo crítico, um dos melhores no país.
òtimo crítico