O Música e Cinema teve o imenso prazer de entrevistas com exclusividade o guitarrista Dave Kilminster, responsável por solos memoráveis nas últimas turnês de Roger Waters, juntando-se agora ao também internacionalmente famoso Steven Wilson, além de apresentar um grande álbum solo, em que o músico tem muito para expressar.
Com 53 anos de idade, Dave é um dos músicos mais versáteis da atualidade, tendo afinidade com diversos instrumentos de cordas e ainda desempenhando inúmeros papéis nos trabalhos que realiza. Com Roger Waters, um dos fundadores do Pink Floyd e de maior sucesso solo da história da música, assumiu os solos originais de David Gilmour (Pink Floyd) em duas turnês distintas. Entre 2006 e 2008 trabalhou na tour The Dark Side of the Moon, retornando aos ensaios em 2010, quando a tour The Wall Live começou, terminando apenas em 2013.
Agora, após lançar seu disco “The Truth”, também estará em turnê com Steven Wilson. Na entrevista aproveitou para fazer muitas revelações interessantes sobre sua carreira. Opção original em inglês no final da página (Original option in english at the bottom).
Entrevista de: Leonardo Caprara
Traduções e revisão: Claudio Feitosa (Facebook)
Entrevista com Dave Kilminster
Leonardo Caprara: Você vem de uma longa tour The Wall e do lançamento de “And The Truth Will Set You Free”, além de agora assumir a guitarra ao lado de Steven Wilson. Realmente você não para. Como faz para administrar carreira solo e essas participações sem que um lado prejudique o outro?
Dave Kilminster: Às vezes não é fácil! Tenho tido muita sorte com o tempo embora, por exemplo, tenha sofrido um acidente de carro em maio, no ano passado, o que significava que eu não poderia tocar guitarra por cerca de oito meses!
Na verdade um médico me disse que eu nunca mais iria tocar novamente, mas felizmente eu tinha acabado de gravar todas as partes de guitarra no meu novo álbum e eu fui ver outro cirurgião. Tive uma operação em dezembro de 2014 e agora (como eu escrevo isso) estou tocando guitarra de novo e em turnê nos EUA com Steven Wilson! :O
Leonardo Caprara: Seu último álbum tem um ritmo fascinante, como se iniciou o projeto e quais as principais influências?
Dave Kilminster: Depois de voltar para casa após o último show da The Wall, com Roger, eu senti que precisava me jogar em um novo projeto para que não ficasse muito deprimido! Então eu comecei a escrever novas músicas e eu acabei com tantas ideias.
Acho que eu também me sentia um pouco nostálgico, porque eu estava ouvindo um monte de músicas com as quais cresci especialmente Queen e Led Zeppelin. Então eu acho que eles foram as principais influências para o “The Truth”.
Leonardo Caprara: Vemos no álbum alguns sons de guitarra muito distorcidos e outros mais limpos. Você gravou todas as linhas? Quem lhe acompanhou na produção?
Dave Kilminster: Sim, eu toquei todas as guitarras no álbum, adoro combinar diferentes sons de guitarra para criar algo único. Eu mergulhei em um monte de acústicos também. Na verdade, primeiramente eu gravei todas as partes acústicas, o que significava que eu poderia ir para menos distorção nas guitarras porque os violões já estavam enchendo certa quantidade de espaço.
Na verdade foi um som que ouvi na minha cabeça e eu produzi todo o projeto. Embora meu bom amigo Jamie Humphries tenha oferecido algumas idéias adicionais de produção enquanto estávamos mixando.
Leonardo Caprara: Tratando-se de um site brasileiro, queremos saber se você em algum momento pretende apresentar seu trabalho solo em nossas terras? Quando você passou por aqui, teve tempo para conhecer algo do país ou foi tudo muito rápido?
Dave Kilminster: Eu adoraria voltar ao Brasil para tocar a minha música, mas no momento estou muito ocupado com Steven Wilson. Vou manter meus dedos cruzados embora… :O)
E eu tenho algumas memórias adoráveis do Brasil. A última vez que estivemos lá (em 2012), a maior parte da banda decidiu fazer uma viagem juntos até a montanha do pão de açúcar! Há algumas vistas incríveis lá em cima…
Leonardo Caprara: Já tem ideia de algum outro trabalho solo?
Dave Kilminster: Eu adoraria gravar outro álbum solo até porque tenho bastante material! Antes de gravar “The Truth” eu tinha mais de 51 horas gravadas! Espero que eu possa começar quando a turnê atual terminar.
Leonardo Caprara: Você esteve por muitos anos em turnê com Roger Waters. Como foi assumir alguns solos eternizados da história mundial da música? Existia alguma pressão em tentar soar semelhante aos solos de Gilmour?
Dave Kilminster: Como foi? Assustador! Hahahaha. Eu estava basicamente tocando os solos nota por nota e, claro, todo mundo sabe como essas músicas devem soar. Portanto, se você cometer um erro, fica bastante óbvio! Hahahaha. Mas parece que eu mantive a maioria dos fãs do Floyd felizes, então eu estava grato por isso. :O)
Leonardo Caprara: Como é a relação com Roger Waters fora do palco. Existe aquele clima de banda, cooperação e diversão nos ensaios ou é tudo mais estritamente profissional?
Dave Kilminster: Roger é incrível e ele sempre cuida de nós realmente bem levando-nos para “jantares da banda” etc. Ele também sabia os nomes de todo o pessoal: os motoristas, a equipe de restauração, etc. Todos! Parecia uma enorme família em viagem!
Quanto aos ensaios, sempre foram muito profissionais. Não havia nenhuma brincadeira ou jam… só de vez em quando Roger podia começar a tocar uma nova canção que ele está trabalhando, e nos juntávamos. Ou ele tocava algo do Bob Dylan, ou algo assim, e nos juntávamos. Muito profissional, mas sempre divertido, o que é uma combinação difícil de se conseguir! :O)
Leonardo Caprara: Você tem dois momentos marcantes com Roger Waters, primeiramente em The Dark Side of the Moon tour e posteriormente com The Wall. Qual foi mais desafiador? Tocar em cima do muro gigantesco não lhe causou medo em algum momento?
Dave Kilminster: Ficar de pé no ar sobre uma plataforma oscilante sobre 40 pés, sem cinto de segurança e todo mundo olhando para mim foi realmente muito assustador! Às vezes, se estivesse ventando muito, eu nem pensava sobre o solo. Estava apenas tentando me manter vivo e não cair!
Isso foi definitivamente um desafio. Na verdade eu acho que a turnê The Wall foi, em geral, um pouco mais desafiadora porque eu tive que tocar algumas partes clássicas de guitarra, high strung (a introdução de ‘Hey You’), baixo, guitarra solo… oh, e banjo! Então, todos instrumentos muito diferentes, exigindo técnicas diferentes.
Leonardo Caprara: O solo de Comfortably Numb está marcado em sua carreira, sendo um dos seus grandes momentos no show. Como é ficar marcado por uma música histórica como essa? Trata-se de um solo delicado para se executar?
Dave Kilminster: Eu tenho que ser honesto e dizer que eu não estava muito familiarizado com essa música. Eu não tinha ouvido ‘The Wall’ até cerca de quatro meses antes da turnê, e a única versão de “Comfortably Numb” que eu conhecia era a dos “Scissor Sisters”!
Então, a música em si era nova para mim e eu percebi a plateia provavelmente saberia o solo melhor do que eu! Por isso, me senti com uma ENORME responsabilidade para aprender esse bastante longo solo nota por nota e tentar tocá-lo perfeitamente toda noite. E embora seja um solo bastante fácil de executar, ainda há muita pressão.
Leonardo Caprara: Uma grande curiosidade que temos foi como a banda se comportava em momentos que Roger tocava violão. Havia um baixista reserva ou algum de vocês assumia o posto?
Dave Kilminster: GE Smith tocou baixo na maioria das vezes, quando Roger estava tocando violão ou apenas cantando. Embora Snowy e eu ocasionalmente também tenhamos tocado. Eu toquei baixo em “Mother” e Snowy assumiu o posto em “Goodbye Blue Sky”. Eu realmente gosto de tocar baixo!
Leonardo Caprara: Você pretende voltar a sair em turnê com Roger Waters?
Dave Kilminster: Eu adoraria fazer uma turnê com Roger novamente. Foi uma experiência totalmente incrível! Mas, infelizmente, eu não estou ciente de quaisquer novos planos no momento…
Leonardo Caprara: Agora você trabalhará também com Steven Wilson. Como surgiu este convite?
Dave Kilminster: Bem, na verdade me perguntara se eu poderia ajudar no turnê “Grace For Drowning”, mas eu já estava em turnê no momento. Porém, mantivemos contato e, quando Guthrie disse que não poderia ir para a América (por causa de compromissos de turnê com a The Aristocrats) Steven me perguntou se eu estava disponível.
Como eu amo sua música, é claro que eu fiquei muito lisonjeado! Na verdade, eu não consigo pensar em ninguém com quem eu prefira trabalhar!
Leonardo Caprara: Muito obrigado Dave, foi um imenso prazer ter a oportunidade de conduzir esta entrevista. Para todos nós você é um grande ícone internacional, realmente, muito obrigado. Esperamos ter a oportunidade de nos encontrar quando você vier ao Brasil novamente. Para finalizar, deixe uma mensagem aos nossos leitores:
Dave Kilminster: Primeiramente, eu realmente sinto muito não podermos ir ao Brasil nesta turnê com Steven Wilson, mas eu estou mantendo meus dedos cruzados para o próximo ano. E nesse meio tempo, por favor, comprem o meu álbum “The Truth”! :O)
Dave Kilminster no Facebook
Álbum de Dave Kilminster no ITunes!
Álbum de Dave Kilminster na Amazon!
Site oficial de Dave Kilminster
English Version
Leonardo Caprara: You came from a long The Wall tour and the release of “And The Truth Will Set You Free”, besides
assume the guitar with Steven Wilson. Really you don’t stop. How do you do to manage your solo career
and these participations without a side harms the other?
Dave Kilminster: It’s not easy sometimes!! :O) I have been really lucky with timing though… for example, I had a car accident in May last year, which meant that I couldn’t play guitar for about eight months!!! In fact I was told by a doctor that I would never play again… but fortunately I’d just finished recording all the guitar parts on my new album, and I went to see another surgeon, had an operation in December 2014 and now (as I write this) I’m playing guitar again, and on tour in the US with Steven Wilson!!! :O)
Leonardo Caprara: Your latest album have a fascinating rhytm, how initiated the project and what are the main
influences?
Dave Kilminster: After I returned home from the last Wall concert with Roger, I felt like I needed to throw myself into a new project so that I didn’t get too depressed!! So I started writing new music, and I ended up with so many ideas!!! I guess I was feeling a little nostalgic too, because I was listening to a lot of the music that I grew up with… especially Queen and Led Zeppelin… so I guess they were the main influences for ‘The Truth’.
Leonardo Caprara: We see in the album some very distorted guitar sounds and some others more clean. Did you recorded all guitar lines? Who followed you in production?
Dave Kilminster: Yes, I played all the guitar parts on the album… I love combining different guitar sounds to create something unique… I layered a lot of acoustics in there too. In fact I recorded all the acoustic parts first, which meant that I could go for less distortion on the electric guitars… because the acoustics were already filling up a certain amount of space…It was a sound that I heard in my head actually, and I produced the whole thing project… although my good friend Jamie Humphries offered some extra little production ideas while we were mixing…
Leonardo Caprara: As we are a brazilian site, we wanna know if you want at some point present your solo work here. When you came by, did you had time to know something of the country or it happened so much fast?
Dave Kilminster: I would love to come back to Brazil to play my music, but at the moment I’m pretty busy with Steven Wilson… I’ll keep my fingers crossed though… :O))
And I do have some lovely memories from Brazil… the last time we were there (in 2012), most of the band decided to
take a trip up Sugarloaf mountain together!! There are some amazing views up there…
Leonardo Caprara: Do you have idea of some other solo work?
Dave Kilminster: I would love to record another solo album, as I have so much material!! Before I recorded ‘The Truth’ I had over 51 hours of ideas recorded!!!! Hopefully I can make a start when this when the current tour is finished…
Leonardo Caprara: You have been for many years on tour with Roger Waters. How was to play solos who were
immortalized in the history of world music? There was some pressure in trying to sound similar to Gilmour’s solos?
Dave Kilminster: How was it? It was scary!!!! Hahahaha…. I was basically playing the solos note for note… and of course everybody knows how these songs should sound, so if you make a mistake, it’s really obvious!!! Hahahaha… but I seemed to keep most of the Floyd fans happy, so I was grateful for that… :O)
Leonardo Caprara: Off stage relationship with Roger Waters. Do exists the band climate with cooperation and fun at rehearsals or is everything strictly professional?
Dave Kilminster: Roger is amazing… and he always looks after us really well, taking us out for ‘band dinners’, etc… he also knew the names of all the crew, the drivers, the catering staff, etc… everyone!! It just felt like one huge travelling family!!!
As for the rehearsals, they were always very professional… not really any jamming or messing around… just occasionally Roger might start playing a new song that he’s been working on, and we’d join in… or he’d play a Bob Dylan number or something, and we’d join in… It was very professional, but always fun… which is a difficult combination to achieve!! :O)
Leonardo Caprara: You have two important moments with Roger Waters. Firstly in The Dark Side of the Moon tour and later with The Wall. Wich one was most challenging? Play above the giant wall did not cause you fear
at some point?
Dave Kilminster: Standing on a wobbly platform about forty feet in the air, with no safety harness and everyone looking at me was very scary actually!!! Sometimes, if it was really windy I wasn’t even thinking about the solo… I was just trying to stay alive and not fall off!!!!
That was definitely a challenge… actually I think the Wall tour in general was a little more challenging, as I had to play some classical guitar parts, ‘hi strung’ guitar parts (the intro to ‘Hey You’), bass guitar, lead guitar… oh, and banjo!!! So, all very different instruments, requiring different techniques…
Leonardo Caprara: The Comfortably Numb solo is marked in your career, being one of your great moments on the show. How is to be notable by a historical song like that? This is a gentle solo to perform?
Dave Kilminster: I have to be honest and say that I wasn’t really familiar with that song. I didn’t hear ‘The Wall’ until about four months prior to the tour, and the only version of ‘Comfortably Numb’ I was aware of was by the ‘Scissor Sisters’!!! So the song itself was new to me… and I realised the the audience would probably know the solo better than me!!! So it felt like a HUGE responsibility, to learn this quite long end solo note for note, and try to play it perfectly every night… and even though it’s quite an easy solo to perform, there’s still lots of pressure…
Leonardo Caprara: A huge curiosity that I’ve always had it how the band behaved when Roger was playing guitar.
There was a “reserve bassist” or any of you took the role?
Dave Kilminster: G E Smith played bass most of the time when Roger was playing acoustic, or just singing. Although Snowy and I occasionally played too… I played Bass on ‘Mother’, and Snowy was on ‘Goodbye Blue Sky’… I really enjoy playing bass!!!
Leonardo Caprara: Do you intend to be on tour with Roger Waters again?
Dave Kilminster: I would love to tour with Roger again… it was a totally incredible experience!!! But unfortunately I’m not aware of any new plans at the moment…
Leonardo Caprara: Now you’ll also work with Steven Wilson. How this invite come from?
Dave Kilminster: Well actually I was asked if I could help out on the ‘Grace For Drowning’ tour, but I was already touring at the time… but we kept in touch, and when Guthrie said he couldn’t do the American leg (because of touring commitments with the Aristocrats) Steven asked me if I was available… and of course I was very flattered, as I love his music!!! Actually, I can’t think of anyone I’d rather work with!!!!
Leonardo Caprara: Thank you very much Dave, I was delighted to have the opportunity to conduct this interview.
For all of us you are a big international icon. Really, thank you. We hope to have the opportunity to meet us when you come to Brazil again. Finally, leave a message to our readers
Dave Kilminster: Firstly I’m really sorry that we didn’t make it to Brazil on this leg of the Hand Cannot Erase tour with Steven Wilson, but I’m keeping my fingers crossed for next year… and in the meantime, please buy my album ‘The Truth’!!! :O))