Gravidade é daquelas histórias relativamente simples que conseguem te impressionar do começo ao fim, algo que era de se esperar de um diretor como Alfonso Cuarón, que contanto com três personagens (iniciais) e apenas dois de desenvolvimento (algo muito usado em produções de baixo orçamento) ele cria uma obra que tem tudo para figurar num Top 3 do ano.
Na trama, uma equipe de três astronautas é designada para fazer reparos no telescópio Hubble, porém quando chegam na órbita terrestre, são surpreendidos pela notícia de que uma nuvem de destroços está perto de se chocar com eles e em minutos eles tentam se proteger, em vão, sendo que um deles morre, sobrando apenas dois astronautas.
Os sobreviventes são Matt Kowalsky (George Clooney) que é o comandante da missão e a doutora Ryan Stone (Sandra Bullock), com Matt sendo o experiente comandante, que apresenta um pouco de humor, mesmo na situação totalmente adversa, em contraponto aparece Ryan, uma doutora muito determinada, que ao decorrer se mostra muito fragilizada com a situação e em certos momentos uma figura misteriosa, ou seja, um elo foi formado com estes dois personagens.
O desenvolver da trama é previsível, algo que não poderia ser diferente disso (mudando apenas com absurdos), mas se torna único e uma grande e profunda experiência, com algumas indiretas referências ao clássico máximo de Stanley Kubrick, “2001: Uma Odisseia no Espaço”.
Como o espaço é um lugar muito solitário e depressivo, o filme segue essa linha, com o passar do tempo tudo o que resta aos personagens são as poucas esperanças de salvação e um infinito vazio, algo muito bem explorado por Cuarón, que não deixa o filme cair na monotonia em momento algum, jogando aquele silêncio a seu favor e fazendo com que ele ajude num clima de suspense e tensão, que causa aquela boa agonia no espectador.
O roteiro aliás, é produção de Alfonso e seu filho Jonás Cuarón, um bom roteiro, simples, mas bom, pois na simplicidade se consegue muitos aspectos positivos. O filme também marca a volta da dupla vista em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, com Cuarón e David Heyman.
As atuações são memoráveis e muito teatrais, pois mesmo com as belas cenas (ressaltadas no 3D) e uma mixagem impecável, a atenção inevitavelmente fica no enxuto elenco de atores, que se portou muito bem, se completando durante toda a trama e criando um dos melhores aspectos visto, os aspectos psicológicos, onde diálogos não são necessários, bastam apenas gestos, expressões e olhares.
Como já foi referenciado, indiretamente aponta algumas vezes para “2001: Uma Odisseia no Espaço“, mas é uma avaliação errônea compará-los, pois são cenários totalmente diferentes e até podemos considerar universos diferentes.
Gravidade é com certeza um dos melhores filmes de 2013 e na visão do Música e Cinema, até agora, foi o melhor lançamento, porém não pode ganhar nota máxima da avaliação por alguns erros de física muito fortes, presente na maioria dos filmes que se passam no espaço, de fato, mas que na forma em que Gravidade surge e se apresenta, não poderiam acontecer, como por exemplo alguns sons no espaço, a velocidade com que ocorre o desacoplamento, o uso da mesma roupa fora e dentro da nave, soltar-se e ficar flutuando no espaço e muitos outros fatores que não condizem com a realidade atual dos astronautas “reais”.
Outro grande destaque do filme, que não está sendo citado na mídia e merece com certeza muitos elogios, é a fotografia, muito bem dirigida por Emmanuel Lubezki, que impressiona com as impecáveis cenas do espaço.