Na próxima quinta-feira (7), chega aos cinemas o filme “Ângela”, uma produção nacional que traz a história da socialite Ângela Diniz em seus últimos meses de vida. Na época, seu caso teve uma grande repercussão, pois não se falava de feminicídio como falamos atualmente.
Em 1976, Ângela foi assassinada em sua casa na Praia dos Ossos, em Armação dos Búzios, no estado do Rio de Janeiro, pelo seu companheiro, Raul Fernando do Amaral Street, mais conhecido como ‘Doca Street’. Na época, o julgamento foi acompanhado pela imprensa e gerou revolta na população, pois Doca foi condenado a dois anos de prisão, mas foi imediatamente solto.
A decisão fez com que uma onda de protestos por parte dos movimentos feministas ganhasse força, com o lema “quem ama não mata”, ocasionando um novo julgamento, quando Doca Street foi condenado a quinze anos de prisão. O evento foi considerado um marco na história do feminismo no Brasil.
Quem foi Ângela Diniz?
Filha de Newton Viana Diniz e Maria do Espírito Santo Fernandes Diniz, Ângela teve seu primeiro casamento aos 17 anos, com o engenheiro Milton Villas Boas, 31 anos, com quem teve três filhos. O relacionamento durou nove anos e, quando terminou, o divórcio ainda não era legalizado no país, por isso, os filhos ficaram com Milton. Ângela recebeu uma pensão mensal e uma mansão em Belo Horizonte.
Em 1973, a socialite se envolveu em uma história de assassinato, quando José Avelino dos Santos (vulgo Zé Pretinho), o caseiro da casa, foi morto com um rito no rosto. O corpo foi encontrado do lado de fora da casa e Ângela assumiu a culpa, alegando legítima defesa. Porém, após algumas investigações, foi revelado que uma terceira pessoa estava no local, e descobriu-se que Ângela era amante do milionário mineiro Arthur Vale Mendes, conhecido como Tuca Mendes, herdeiro do grupo Mendes Júnior.
No depoimento, Ângela mais uma vez assumiu a culpa para proteger Tuca, pois ele era casado e o relacionamento dos dois ainda não era de conhecimento geral. Na versão de Tuca, o empresário disse que viu um vulto do lado de fora da casa e, por isso, atacou. Até hoje, o motivo do crime não foi esclarecido. Na época, surgiram boatos de que Ângela e José Avelino teriam um relacionamento, e que Tuca descobriu e matou José. Porém, o rumor foi negado por entes próximos da socialite.
Após o escândalo, o casal se separou, e Ângela decidiu deixar Belo Horizonte e ir para o Rio de Janeiro. Na capital carioca, conheceu o colunista social Ibrahim Sued, que a apelidou de “Pantera de Minas”, tendo com ele um breve relacionamento. Durante esse período, ela foi acusada de sequestrar a filha por uma semana, por levá-la para o Rio de Janeiro, e recebeu denúncias por portar maconha em casa.
Com Doca, ficou quatro meses, mas a relação foi marcada por ciúmes e violência doméstica. Depois de abandonar a esposa e filhos para morar com Ângela em Búzios, no dia 30 de dezembro de 1976, o casal teve uma discussão e saiu de casa. Depois, Doca retornou, houve uma nova briga e ele assassinou a namorada com três tiros no rosto e um na nuca com uma pistola Beretta.