Muito próximas e infinitamente distantes. Essa é a descrição das adaptações dos livros de Stephen King em 2017. Se em “A Torre Negra” o resultado é pífio, com “It – A Coisa” temos uma grata surpresa e um filme até mesmo superior a produção original, dos anos 90.
É preciso entender que It é a adaptação de um livro gigantesco e complexo. São muitas as possibilidades de explorar a história. Além disso, pelo fato de já ter sido adaptado para o cinema, a missão do diretor é ainda mais difícil. Mesmo com muitos desafios, Andy Muschietti soube conduzir a produção e entregou um ótimo resultado para o público.
It – A Coisa (2017)
Direção: Andy Muschietti
Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard, Jack Dylan Grazer, Sophia Lillis, Jeremy Ray Taylor, Wyatt Oleff, Chosen Jacobs.
Gênero: Terror
Duração: 2h15
Nacionalidade: EUA
A história trabalha com o clube dos otários, um grupo de jovens que sofre com o deslocamento social e é constantemente perseguido no ambiente escolar. Em comum, eles tem o temor dos estranhos acontecimentos da cidade de Derry, que apresenta níveis elevados de desaparecimentos.
A estrutura construída é semelhante ao sucesso Stranger Things, porém não segue exatamente o mesmo modelo. A série e o filme compartilham até mesmo o ator Finn Wolfhard (com outra ótima atuação). O que diferencia os dois é que It apenas incorpora elementos, diferente de Stranger Things, que é completamente composta de referências aos anos 80. Muschietti foi muito inteligente em saber absorver esses elementos.
O filme dos anos 90 também não deixa de ser homenageado. Cenas clássicas, como o sequestro de Georgia, após o barquinho cair no bueiro, são muito bem reproduzidas. Seguem o modelo original, porém ganham roupagem moderna.
O filme alterna muito bem os momentos de tensão com a construção da história – e principalmente da personalidade dos protagonistas. Cada um dos membros do clube recebe a devida atenção, tanto em conjunto quanto individualmente. Para isso, foram necessárias 2h15. Mesmo com um filme longo, a condução é tão envolvente que não permite momentos de tédio. O segundo ato pode até ter sido demasiadamente longo, no entanto nada que comprometa o resultado.
O vilão Pennywise é com certeza o grande trabalho da carreira de Bill Skarsgård. Consegue ser ácido, agressivo e muito assustador. A escolha foi em explorar o grupo de jovens, portanto o tenebroso palhaço não é tão explorado quanto as suas origens e intenções. Isso não é propriamente uma falha, trata-se de uma escolha – que justificou-se muito bem com o resultado do filme.
Além de resgatar o clima dos filmes dos anos 80/90, It é extremamente competente em assustar e dar o pontapé para uma possível série de filmes. It é assustador, bem dirigido, bem escrito e extremamente divertido. Não deixe de assistir!