São inúmeras as influências de Chumbo & Pluma. Com uma levada muito setentista, trazendo elementos de soul, black, britpop e outras escolas, o resultado é um disco duplo de alto nível. O trabalho foi liberado pela Dafne Music na última sexta-feira, 26, e neste sábado, 27, Marcelo Gross fez o show de lançamento.
A própria organização dos tempos seguiu o modelo clássico de disco duplo. Chumbo começa com um rock n’ roll clássico, tem 45 minutos aproximadamente (um pouco mais de 20 para cada lado do disco 1). Neste trabalho, Gross lança algo semelhante ao que já vinha fazendo com a Cachorro Grande. Com a maior distribuição do espaço de criação no grupo, mais trabalhos foram direcionados para a carreira solo do multi-instrumentista.
Este é o lado pesado de Chumbo & Pluma, o lado elétrico e pulsante. Com um groove muito forte e composições perfeitas para a execução em seu power trio, Marcelo Gross dá continuidade ao bom trabalho apresentado em “Use o Assento Para Flutuar” (2013).
Purpurina já havia sido liberada como single. As outras 8 canções de Chumbo mesclam muito bem diferentes estilos. A levada blues e black music são muito bem incorporadas em um trabalho com produção refinada. Como cantor, Gross mostra um disco mais denso e se afirma como frontman. Além da guitarra, o músico também toca bateria (foi da banda de Júpiter Maça nos anos 90/2000) e teclado, mostrando cada vez mais sua versatilidade.
Pluma é o lado bucólico. É o disco que você compõe após passar uma temporada com os Beatles na Índia. Quando Morangos & Maças saiu como single, a conclusão foi de uma “As Tortas e as Cucas” de Gross. Pra quem ouve o disco na íntegra, a transição de Chumbo para Pluma é muito interessante e confortável.
Pluma é um lado acústico, mais próximo do folk e psicodelia. Um trabalho que consegue ser ao mesmo tempo denso e leve. As harmonias apresentam alto nível técnico. É como se um Gross de duas épocas distintas gravasse um disco, exaltando as múltiplas referências do músico.