Nesta quinta-feira (7), chega aos cinemas brasileiros o filme “Ângela”, uma cinebiografia dos últimos meses de vida da socialite Ângela Diniz. Estrelada por Isis Valverde, a produção acompanhará o que aconteceu antes e depois do assassinato da socialite, e como a sua morte foi um marco na história do Brasil sobre feminicídio.
Em 1976, Ângela foi assassinada em sua casa na Praia dos Ossos, em Armação dos Búzios, no estado do Rio de Janeiro, pelo seu companheiro, Raul Fernando do Amaral Street, mais conhecido por ‘Doca Street’. Na época, o julgamento foi acompanhado pela imprensa e gerou revolta na população, pois Doca foi condenado a dois anos de prisão.
A decisão fez com que uma onda de protestos por parte dos movimentos feministas ganhasse força, com o lema “quem ama não mata”, ocasionando um novo julgamento, quando Doca Street foi condenado a quinze anos de prisão. O evento foi considerado um marco na história do feminismo no Brasil.
Como está Doca Street hoje?
Em 2020, Raul Fernando do Amaral Street morreu aos 86 anos, em São Paulo. Segundo as informações divulgadas pelos familiares, ele teve um ataque cardíaco e morreu no Hospital Samaritano. Ele deixou três filhos e netos. O empresário cumpriu a pena de 15 anos na cadeia, depois de o Ministério Público recorrer, em 1981, a pena que seria de 2 anos.
Na época, sua defesa alegou “legítima defesa da honra”, com intuito de absolvê-lo do caso, o que provocou indignação dos movimentos feministas. Além disso, ele também alegou ter matado “por amor”.
Através da sua fala foi que o movimento feminista decidiu criar a campanha de “quem ama não mata”. Até então, a tese era válida, pois constava no Código Penal de 1940, porém, não pode ser usada mais no Brasil desde a Constituição de 1988. Como o argumento gerou polêmica, o movimento tornou-se forte e fez com que o Brasil falasse sobre feminicídio, algo que não ocorria.
Na época, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, referindo-se à estratégia da defesa de Doca Street de culpabilizar Ângela Diniz pelo crime.
Não o suficiente, em 2006, Doca Street lançou um livro trinta anos depois do crime, chamado “Mea Culpa”, contando a sua versão do crime. O livro foi alvo de críticas pela família da socialite.