Após mistério e especulações, está confirmado o retorno de Morrissey ao Brasil. O lendário vocalista do The Smiths fará duas apresentações em capitais no mês de setembro.
A passagem da tour de 40 anos de carreira vai começar por São Paulo, no dia 27 de setembro, na Moviestar Arena. Sem mais datas especuladas, o segundo show é em Brasília, no dia 30 de setembro, no Opera Hall.
A confirmação dos shows está disponível no site Morrissey Central, página na web em que o artista publica pensamentos e atualizações sobre a carreira.
Morrissey
Nascido em 22 de maio, Stephen Patrick Morrissey, um jovem tímido e desajustado, emergiu da obscuridade para se tornar uma das figuras mais influentes da música. Sua jornada começou com uma obsessão por filmes e música, impulsionando-o a escrever um fanzine dedicado aos New York Dolls e a expressar suas opiniões na revista de música semanal Melody Maker.
No cenário punk dos anos 70, ele mergulhou em projetos musicais, como a banda Slaughter & the Dogs e os Nosebleeds. Entretanto, foi em 1982 que Morrissey conheceu o guitarrista Johnny Marr, e a colaboração entre os dois logo se tornou uma das mais produtivas da história do pop britânico. O lançamento do single de estreia dos Smiths, intitulado “Hand in glove” – uma canção que abordava o tema da homossexualidade – os catapultou para o estrelato underground do Reino Unido.
Conforme Morrissey ganhava mais destaque, ficava evidente sua habilidade em manipular a mídia. Suas entrevistas sempre traziam opiniões explosivas, muitas vezes concebidas para chocar o público. Suas performances, com flores nos bolsos traseiros e um aparelho auditivo, assim como seu celibato declarado, provocavam um intenso debate sobre a banda e a sexualidade do cantor.
Dotado de um profundo cinismo como letrista, Morrissey frequentemente era mal interpretado, levando as pessoas a acreditarem que ele defendia os absurdos sobre os quais falava. O furor em torno da banda só aumentava.
O álbum de estreia dos Smiths, autointitulado e lançado em 1984, foi um sucesso avassalador. Na sequência, Morrissey começou a expressar suas opiniões políticas, criticando veementemente a então primeira-ministra britânica, Margareth Thatcher, e defendendo o vegetarianismo – o que deu nome ao segundo disco dos Smiths, “Meat is murder”. Em 1986, “The queen is dead” foi considerado uma obra-prima, mas Morrissey e Marr já não estavam em sintonia. O guitarrista deixou a banda após o lançamento de “Strangeways, here we come”, levando Morrissey a encerrar os Smiths e iniciar uma carreira solo.
Sentindo-se traído pela partida de Marr, Morrissey colaborou com o produtor Stephen Street na criação dos singles “Suedehead” e “Everyday is like Sunday”, obtendo bons resultados. Seu primeiro álbum solo, “Viva hate”, foi bem recebido, mas Morrissey demorou a lançar seu segundo álbum, “Kill uncle”, o que coincidiu com o surgimento de uma nova cena musical em Manchester, com bandas como Stone Roses, Charlatans e Happy Mondays dominando as rádios. Morrissey foi considerado uma relíquia do passado.
Apesar do sólido disco “Your arsenal”, um retorno ao rock debochado dos anos 70 produzido pelo lendário guitarrista Mick Ronson, Morrissey permaneceu em baixa na Inglaterra. Foi então que ele se voltou para os Estados Unidos, onde sua popularidade só crescia. Os ingressos para um show no lendário Hollywood Bowl esgotaram rapidamente, superando até mesmo a venda de ingressos para um concerto dos Beatles no mesmo local.
Com sua confiança renovada, Morrissey lançou uma série de discos por várias gravadoras diferentes, incluindo “Vauxhall and I”, a coletânea “The world of Morrissey”, “Southpaw grammar” e “Maladjusted”. No entanto, ele acabou sendo engolido pelo impiedoso mercado americano. Sem gravadora, ele continuou a ser popular em seus shows, mas passou sete anos sem lançar novas músicas até 2004, quando finalmente lançou “You are the quarry”. O álbum, afiado como sempre, devolveu-o ao status de lenda viva do rock, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos.
