A Netflix prepara uma das produções europeias mais ambiciosas dos últimos anos: O Naufrágio do Heweliusz. Mais do que um drama de desastre, a série mergulha em uma ferida profunda da história polonesa, explorando temas como luto, resiliência e a busca por justiça.
Inspirada no naufrágio do MS Jan Heweliusz, o desastre marítimo em tempos de paz mais letal da Polônia, a produção equilibra o terror do mar com a batalha judicial travada em terra pelas famílias das vítimas.
Tragédia no mar e luta em terra
Na madrugada de 14 de janeiro de 1993, o Heweliusz partiu de Świnoujście para Ystad, carregando 35 passageiros, 29 tripulantes e dezenas de veículos.
Uma tempestade furiosa no Mar Báltico, com ventos de até 160 km/h e ondas de seis metros, combinada com problemas estruturais antigos do navio — incluindo um reparo improvisado com 70 toneladas de concreto — levou ao desastre. A balsa adernou, e apenas nove pessoas sobreviveram.
O que a série destaca, porém, vai além da tragédia em alto-mar. Em terra, as famílias enfrentaram indiferença institucional, investigações controversas e tentativas de desviar responsabilidades.
A narrativa acompanha personagens como Jolanta Ułasiewicz, esposa do capitão, e Binter, marinheiro dividido entre lealdade e moral, personificando o conflito entre sobrevivência, justiça e pressões institucionais.
Produzida pela equipe de A Grande Enchente, a série combina ação e investigação, recriando com realismo impressionante o naufrágio e a subsequente saga judicial. Mais de 120 atores, 3 mil figurantes e sets complexos na Polônia e em Bruxelas foram usados para retratar o desastre e suas consequências.
O Naufrágio do Heweliusz não é apenas uma boa série, mas sim um retrato da Polônia pós-comunista, das falhas sistêmicas e da luta das famílias por reconhecimento. A produção transforma a tragédia em uma narrativa sobre responsabilidade, coragem e memória, garantindo que a história do Heweliusz seja lembrada por gerações.









