5 curiosidades dos filmes de Jordan Peele
Um dos maiores cineastas em atividade é o nova iorquino Jordan Peele, nome por trás de sucessos do terror como “Corra!” (2017), “Nós” (2019) e “Não! Não Olhe!” (2022). Confira cinco curiosidades sobre as produções de Peele.
Conhecido pelos seus trabalhos como ator em “Mad TV”, “Key & Peele”, “Wanderlust” (2012) e “Toy Story 4” (2019), Jordan Peele ganhou destaque ao garantir seu primeiro Oscar já em seu primeiro trabalho como diretor, garantindo a estatueta de Melhor Roteiro Original por “Corra”. Seu currículo ainda inclui a atuação como produtor em “Infiltrado na Klan” (2018) e roteirista de “Keanu” (2016), “Candyman” (2021) e “Wendell & Wild” (2022).
Curiosidades sobre os filmes de Jordan Peele
Assinando a direção de três longas desde a sua estreia, Peele é mestre em inserir os famosos easter eggs em seus filmes, sendo famoso por criar narrativas que vão além do óbvio, contando com significados ocultos e profundidade em suas histórias e personagens. Algumas delas são:
- Corra (2017)
O primeiro filme de Jordan, começa com a música “Sikiliza Kwa Wahenga”, que conta com trechos em Swahili, idioma oficial do Congo, Quênia, Uganda e Tanzânia. O trecho em questão serve como recado para o protagonista, tendo em sua letra versos como “Irmão, ouça seus ancestrais. Corra! Você precisa correr para longe! Ouça a verdade, Salve-se! Corra! Corra!”. Além de fazer alusão ao título do longa, a música de Michael Abels já avisa à Chris que ele precisa fugir de uma situação que está próxima.
Peele ainda inclui a cena do bingo, jogado pelos ricos. A intenção do diretor era incluir elementos da cultura branca que não fazem parte do cotidiano da comunidade negra para passar recados escondidos, como as tabelas já marcadas desde o início do jogo, completando o bingo desde o princípio.
Grande fã de “O Iluminado” (1980), o diretor ainda referencia o clássico em “Corra!”. Quando o personagem Rod Williams, melhor amigo de Chris, liga para o amigo, é possível ouvir o anúncio do voo 237, mesmo número do quarto presente no Overlook Hotel no filme dos anos 80.
- Nós (2019)
Em seu segundo filme, Peele abre com a exibição de um comercial dos anos 80 gravado em uma fita VHS em uma televisão antiga, além de apresentar uma camisa com a estampa “Hands Across America 1986″ e da cena que encerra o longa, onde é formada uma grande corrente de pessoas usando macacões vermelhos.
Essas cenas fazem referência ao evento de caridade realizado em 1968 nos Estados Unidos. Com a organização de celebridades norte-americanas, o evento tinha objetivo de combater à pobreza, fome e falta de moradia aos mais pobres, promovendo uma grande corrente humana por todo o país, onde as pessoas foram convocadas a dar as mãos e se unir ao som do clássico “We Are the World”.
Peele usou a ocasião para relacionar aos eventos que acompanhavam a protagonista do seu filme, criando um grande easter egg em “Nós”. Para participar da ação em 1986, era necessário doar US$ 10, o que gerou a arrecadação total de US$ 65 milhões. No entanto, a doação final para as causas foi de somente US$ 15 milhões graças aos altos custos do evento, que custaram a outra parte da quantia arrecadada.
Outra curiosidade do filme envolve a presença constante do número 11:11 nas cenas do longa. Em determinado momento, um homem aparece com uma placa com a escrita “Jeremias 11:11”, se referindo ao versículo bíblico que diz “Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar; Ainda que venham a clamar a mim, eu não os ouvirei.”.
O número volta a aparecer durante uma transmissão de beisebol, quando o narrador diz “Estamos empatados às 11h11” e no relógio do quarto da protagonista Adelaide. Os números apresentam a dualidade de tudo o que envolve o filme, ou seja, os duplos sentidos, os lados do bem e do mal das pessoas.
- Não! Não olhe! (2022)
Já no início do filme, uma sequência de títulos é apresentada dentro de um túnel quadrado preto e escuro. Isso é ligado à mensagem que o filme deseja passar, relacionada à espetacularização, tendo o principal vilão do filme se assemelhando à lente de uma câmera. Toda a ideia se conecta ao pensamento de que não tem como desviar o olhar dos eventos, o que pode resultar até na morte. Ao longo do filme, é revelado que a cena inicial era dentro da boca do vilão Jean Jacket.
Similar ao caso do 11:11 em “Nós”, o filme mais recente de Peele apresenta repetidamente os números 6:13, como na duração do ataque de Gordy, que teve seis minutos e 13 segundos ou no horário em que a personagem Jean Jacket aparecia em toda sexta-feira, sempre às 18h13.
O número foi, novamente, ligado a versículos bíblico. Foram considerados as passagens do livro de Mateus, que diz “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém” e de Romanos, cujo versículo é “Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.”.
O número 613 também está presente na Torá, o livro sagrado dos Judeus. O mandamento do número se refere a sacrifício, se ligando a cena do filme onde Jupe tem a pretensão de sacrificar um cavalo para Jean Jacket, explicando a forte presença dos números no filme e seus significados.