Continuações são assuntos extremamente polêmicos no meio cinematográfico, no entanto mais comuns no meio do terror. Após cada sucesso comercial, é inevitável o pensamento dos estúdios na produção de mais filmes dentro de cada universo. Com O Exorcista, não foi diferente, no entanto essa história é bem mais complexa.
Grandes clássicos do cinema tiveram sequências de baixo orçamento. Psicose, de Alfred Hitchcock, teve mais três filmes. O Bebê de Rosemary, ganhou adaptações que provavelmente só foram exibidas na televisão.
O grande problema do terceiro filme do universo adaptado por William Friedkin é justamente o nome. O peso desta alcunha custou muito caro para este bom filme. Vamos a uma breve contextualização.
Interesse comercial em O Exorcista
O primeiro filme, dirigido brilhantemente por William Friedkin e sendo uma adaptação do livro de William Peter Blatty, dispensa comentários. É genial e revolucionário dentro das propostas de terror já apresentadas até os anos 70.
Pois bem, não vamos chover no molhado. Com todo sucesso do primeiro filme, logo veio o interesse em uma sequência, originando o desastroso “O Exorcista II – O Herege” (clique no link e veja o post em que tento apresentar alguns argumentos positivos dentro do filme). O segundo filme é uma colcha de retalhos, trazendo uma Linda Blair já saturada com a fama e um roteiro bizarro. Logo, Friedkin e Peter Blatty pularam fora do barco.
Além de Linda Blair, Max von Sydow também caiu na cilada deste segundo filme. O roteiro é totalmente bizarro (única expressão que expressa com clareza o filme) e tenta se escorar no original, obviamente, sem sucesso. Entre as cenas mais icônicas, destaca-se James Earl Jones vestido de gafanhoto.
Lançado em 1977, o filme é um verdadeiro fracasso, desestimulando possibilidades próximas de sequências.
O universo demoníaco e O Exorcista III
Mesmo com esse fracasso cinematográfico, o escritor William Peter Blatty continuou lançando livros dentro do “universo” de O Exorcista. Com “The Ninth Configuration”, lançou um filme em 1978, sendo também diretor desta obra e tendo como ator Jason Miller, o famoso Padre Karras.
Em 1983 surge o livro Legião, chegando no Brasil mais especificamente como O Espírito do Mal. Com este lançamento, surge a possibilidade de um novo filme dentro de O Exorcista.
Para o terceiro filme, desta vez com a ideia de seguir a linha mas não repetir a receita do primeiro filme, Blatty recrutou novamente Jason Miller, que repetiu o papel de Padre Karras. Como tenente Kinderman, amigo do padre no primeiro filme, George C. Scott é o escolhido, tendo em vista a morte do ator original, Lee J. Cobb.
A produtora responsável pelo filme é a Morgan Creek. Na história, o tenente começa a seguir pistas de assassinatos que seguem a linha do Assassino dos Gêmeos (Gemini Killer), que já havia sido morto. Em um misterioso hospital, o tenente se surpreende ao encontrar aquele que parece ser o seu amigo Karras, que morreu anos antes na fatídica noite do exorcismo de Regan.
A história é muito boa, no entanto, as imposições da Morgan Creek inviabilizaram o filme pretendido por Blatty. Nenhum exorcismo estava no roteiro original, no entanto, por motivos comerciais, adaptações tiveram que ser feitas. O diretor ficou extremamente decepcionado, no entanto concluiu que deveria seguir na obra para realizar o “menos pior possível”.
Mesmo com todos estes problemas, o terceiro filme consegue ser digno de estar presente no ambiente de O Exorcista e ainda apaga (um pouco) a imagem do segundo filme.
Direção:
Elenco:
George C. Scott – William Kinderman
Jason Miller – Damien / Paciente X
Ed Flanders – Padre Dyer
Brad Dourif – James Venamun
Grand L. Bush – Sargento Atkins
Nicol Williamson – Padre Morning
Scott Wilson – Dr. Temple
Lee Richardson – Reitor da Universidade
Barbara Baxley – Shirley
Zohra Lampert – Mary Kinderman
Harry Carey Jr. – Padre Kanavan
Sherrie Wills – Julie Kinderman
Samuel L. Jackson – Homem Cego
Edward Lynch – Paciente A
Clifford David – Dr. Bruno