A nova minissérie mexicana da Netflix é para quem tem fôlego para histórias dramáticas em família. Com apenas cinco episódios a produção Ninguém nos Viu Partir vem despertando curiosidade por seu enredo doloroso, e ainda assim, emocionante.
O que deixa Ninguém nos Viu Partir ainda mais intrigante é seu enredo baseado totalmente em fatos reais — com algumas adaptações ficcionais; A trama é baseada no livro biográfico Nadie Nos Vio Partir, da escritora Tamara Trottner, onde ela relata o maior trauma de sua vida: ela e seu irmão foram sequestrados pelo próprio pai, que os levou para fora do país como forma de punir a mãe por anos.
A infância perdida que inspirou uma das tramas mais intensas da plataforma
Na série, o episódio ganha contornos de suspense e crítica social. A trama se passa no México dos anos 1960 e acompanha a jornada desesperada de uma mãe em busca dos filhos, enfrentando o poder e a influência de uma família da elite judaica mexicana. A ambientação retrata uma sociedade marcada por aparências, tradições rígidas e conflitos familiares atravessados por orgulho e patriarcado.
Dirigida e roteirizada pela premiada argentina Lucía Puenzo (XXY, O Médico Alemão), a produção aborda o tema da violência vicária — quando filhos são usados como instrumentos de vingança contra a mãe. A atriz Tessa Ía interpreta Valeria Goldberg, personagem inspirada na mãe da autora, enquanto Emiliano Zurita vive o pai sequestrador, construído de forma complexa e não maniqueísta.
Filmada em quatro países — México, França, Itália e África do Sul —, mistura drama, suspense e crítica social. Para Tamara Trottner, ver sua história contada na tela foi uma forma de cura: “Transformar a dor em arte é minha forma de não esquecê-la.”
Assim, Ninguém nos Viu Partir é mais do que uma ficção inspirada em fatos reais — é uma reflexão sobre um passado que ninguém conseguiu apagar.