Adoniran Barbosa lançou Samba Italiano e se aventurou no idioma

Bem-humorado, malicioso e esperto, Adoniran Barbosa é diferente de tudo que a música brasileira já produziu. Seus sambas mostram o dia a dia do cidadão normal, mas leva a lírica ainda mais além, com coloquialidades que desafiam a língua brasileira. Afinal, o que é quaiscaligudum – ou faz caligundum, faz carinho dundum… – de Trem das Onzes ou todos os verbos inventados de Samba do Arnesto?!

Porém, além de desafiar o português, o sambista tem um histórico com outra língua. Filho de imigrantes italianos, Adoniran cresceu na cidade de Valinhos, absorvendo muito da cultura local e da herança de seus pais.

A cultura local, de fato, servia como objeto a ser imortalizado pelas letras do músico. São João, 23 de Maio, Brás, metrô, Jaçanã; todos esses são personagens vivos das obras de Adoniran Barbosa, que fez do urbano sua própria sonoridade.

A Itália invade o Brasil de Adoniran Barbosa

Ainda assim, algumas músicas não falavam de local algum. Utilizando uma mistura de português com italiano, o sambista compôs Samba Italiano, em 1965. A canção veio ao mundo depois de seus maiores sucessos e ingressou no rol de suas composições famosas.

Segue abaixo a letra da música.

Gioconda, piccina mia
Va brincar in mare nel fondo
Ma atenzione col il tubarone, hoi visto?
Hai capito, mio San Benedito?

Piove, piove
Fa tempo che piove qua, Gigi
E io, sempre io
Sotto la tua finestra
E voi senza me sentire
Ridere, ridere, ridere
Di questo infelice qui

Ti ricordi, Gioconda
Di quella sera in Guarujá
Quando il mare te portava via
E me chiamaste: Aiuto, Marcello!
La tua Gioconda ha paura di quest’onda

Dicitencello vuje
Come hai detto, Michelangelo?
Oioioioioioioi

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