Os cariocas da RADIOATIVA certamente não esquecerão o ano de 2017. Nesse período, a banda independente lançou o álbum Ato Três na Expomusic 2017, abriu o show do Evanescence em São Paulo e quase tocou no Rock In Rio!
Para 2018, o grupo chega com mais projetos. Conversamos com a vocalista Ana Marques, que falou da trajetória da banda e da expectativa para o futuro.
1) Quais foram as principais influências musicais que moldaram a sonoridade do Ato Três?
Estávamos numa vibe mais voltada para o “clean”, músicas com menos distorção e mais eletrônico, mais batidas, mais riffs limpos. É claro que não poderíamos abandonar a raiz da banda completamente, os sons mais pesados ainda estavam em nossa mente e ainda estão no disco, mas de alguma forma, houve espaço para experimentar o novo. As bandas que mais influenciaram nesse processo foi o PVRIS, Anavae (que já escutávamos de longa data) e Tonight Alive com seu álbum “Limitless”. Também tem muita música das playlists instrumentais do Spotify que nos levaram a esse caminho.
2) Esse álbum aponta para uma leve mudança de direcionamento musical da RADIOATIVA. Qual é a importância que essas influências têm nesse processo?
A mudança foi algo bem natural. É como quando você passa muito tempo escutando um som e você simplesmente precisa ouvir algo diferente. A gente encara como um amadurecimento musical, mas também pessoal. É como se as mensagens estivessem sendo entregues de forma mais clara.
3) Vocês tiveram algum receio de fazer essa mudança? Como ela aconteceu ao longo do tempo em que o Ato Três era produzido e pré produzido?
Sim! Como disse antes, foi bem natural. Mas quando começamos a ouvir bateu um medo, do tipo: “é isso que a gente quer?”, “as pessoas vão estranhar”. Principalmente com Inverno. Chegamos a descartar outra música parecida com a nossa primeira single, que era a mais diferente de todas, com beeeem menos guitarras (mas ela com certeza estará no quarto álbum!).
4) Desde o roteiro até a gravação em si, como foi o processo de produção do clipe da música Inverno?
Foi incrível! Foi algo bem maior do que imaginávamos que poderíamos fazer de forma independente. O roteiro é meu (Ana), e foi a primeira vez que escrevi um roteiro para clipe. Os outros foram pensados, mas não existia um guia, simplesmente montávamos. Mas “Inverno” merecia uma história, e nós a fizemos real. O Cris contribuiu fazendo o storyboard, que foi bastante útil nas gravações, e contamos com ajuda de amigos para a câmera e luz, enquanto eu e Felipe dirigíamos as cenas. A casa foi locada pelo Airbnb (YEP) e fica em Petrópolis. Ela é simplesmente como eu imaginava. Quando Felipe encontrou o anúncio, sabíamos que tinha que ser ela.
5) Como o nosso site também fala de cinema, não podemos deixar de perguntar: vocês tiveram algumas inspirações cinematográficas ao pensar no clipe (seja no roteiro, na fotografia, na edição, na direção etc)? Quais?
As nossas influências foram mais no âmbito musical, alguns clipes do Slipknot nos ajudaram a escolher cor, como “Snuff” e “Vermilion“. Mas o filme “Os Outros” era algo que não saía da minha mente enquanto eu andava pelos corredores da casa. O ambiente era sombrio.
6) Eu lembro de ter visto ou lido em algum lugar que o clipe da música Você Não Sabe Nada Sobre Mim tinha a intenção de mostrar um pouco do relacionamento entre os integrantes da RADIOATIVA. Enquanto isso, o clipe da música Inverno tem um teor bem diferente. Como vocês enxergam essa mudança?
Na verdade, o de “Se Ainda Há Razão” tinha esse intuito de mostrar nosso convívio. Para ele, queríamos algo simples, que retratasse nossa diversão fora dos palcos. “Inverno” trata de um assunto sério, que é a perda, a depressão, a ausência. O frio, sobre o qual a letra da música fala, é o frio da solidão e da angústia. “Me aqueça quando o frio chegar” é um pedido de ajuda. O clipe tenta retratar esse sentimento. Uma pessoa presa em uma casa com seus fantasmas. No final, ela consegue ir embora e deixar tudo pra trás. Era basicamente a mensagem que queríamos deixar: existe uma forma de seguir em frente.
7) Vocês estão juntos há bastante tempo, mas a entrada do baixista Cris Gadelha foi relativamente recente. Como foi a contribuição dele nesse álbum? O que ele trouxe de novo ao som da banda?
O Cris foi um presente dos céus! (risos) Ele já acompanhava a banda, indo a shows e pelas redes sociais. Também já saíamos para algumas festas, como amigos, então essa relação só melhorou. Musicalmente, ele contribuiu bastante. As linhas de baixo do terceiro álbum são expressivas, e nós contamos com a sensibilidade do Cris para encaixar as melodias que as músicas pediam. Foi um processo enriquecedor pra ambas as partes, eu acho.
8) Como foi a adaptação do Cris nesse ano tão grandioso e movimentado para a RADIOATIVA?
Ele já nos conhecia, então eu acho que a maior dificuldade deve ter sido nos conhecer realmente (risos). Numa banda, sempre há aqueles dias mais tensos, e também os de festa. É como uma família. Mas ele se adaptou bem a tudo. Chegou já em meio a um turbilhão de acontecimentos. O primeiro show foi em uma festa lotada, o segundo foi no Espaço das Américas, abrindo o show do Evanescence em São Paulo, e o terceiro foi num concurso pra tocar no Rock in Rio, no qual ficamos em terceiro lugar em meio a mais de 300 bandas inscritas. Que bom que ele não tem o coração fraco!
9) Como foi a experiência de lançar o Ato Três na Expomusic?
Foi totalmente não planejado, e foi ótimo! Conhecemos pessoas legais e mostramos pros paulistanos/paulistas e todos que estavam lá um pouquinho da cara do Rio de Janeiro. Só orgulho!
10) Quais são os planos para o início de 2018?
Mais clipes! Mais shows! Merch!
11) Muito obrigado pela atenção de vocês! Vocês gostariam de deixar um recado para os leitores do Música & Cinema?
Nós que agradecemos o espaço, pedimos desculpa pela demora na resposta e deixamos aqui o convite para conhecer nosso som no Spotify, YouTube e em toda a internet! 😀