Um Homem Entre Gigantes é baseado em história real? Dr. Bennet Omalu existiu?

Estrelando Will Smith (“Eu Sou a Lenda“), “Um Homem Entre Gigantes” (2015) segue a história de um médico que descobre um nova doença em jogadores de futebol americano e luta para que a verdade seja reconhecida. Só que isso colocou ele em conflito com a NFL, uma instituição enorme e extremamente poderosa, que não tinha interesse que a descoberta fosse noticiada.

Mas o que você quer saber é: isso realmente aconteceu? E a resposta é sim. O longa é baseado na história real do Dr. Bennet Omalu, um neuropatologista forense nigeriano-americano.

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Foto: reprodução/NPR

A história do Dr. Bennet Omalu

Tudo começou em setembro de 2002, quando Omalu recebeu a tarefa de fazer uma autópsia no corpo do ex-campeão de futebol americano Mike Webster, falecido aos 50 anos de idade devido a um ataque cardíaco.

Quatro vezes campeão do Super Bowl, Webster tinha tido uma vida estranha e trágica depois de terminar sua carreira no esporte. Ele perdeu todo o seu dinheiro e vivia sem seu caminhão, além de exibir comportamentos estranhos, como colocar cola nos dentes podres e usar um Taser em si mesmo para dormir.

Durante a autópsia, o Dr. Bennet Omalu não encontrou nada de errado com o cérebro de Webster. Mas ele não ficou satisfeito com a resposta e continuou investigando. Ele pediu permissão ao seu chefe para estudar o cérebro do jogador falecido, incluindo análises microscópicas de tecido cerebral. Depois de muita pesquisa, Omalu descobriu sinais de uma doença inédita no cérebro de Webster.

Ele nomeou a doença de Encefalopatia traumática crônica, ou ETC no Brasil, e publicou um artigo em 2005 relatando sua descoberta: as batidas na cabeça a que os atletas do esporte se submetem com frequência podem causar sérios danos cerebrais.

Segundo o perfil do médico na GQ, Omalu acreditava que a NFL, liga de futebol americano dos EUA, estaria interessada no que ele descobriu e poderia usar isso para resolver o programa. Ele admite que foi ingênuo.

Obviamente, não foi isso que aconteceu. Um grupo de cientistas, todos funcionários da NFL, publicaram uma carta dizendo que o artigo de Omalu tinha “sérias falhas” e um “completo desentendimento” da pesquisa, e exigindo uma retratação. Um ponto importante: nenhum dos três era neuropatologista.

“Como médicos que não são neuropatologistas interpretam descobertas neuropatológicas melhor do que um neuropatologista?”, pensou o Dr. Omalu.

A Neurosurgery, revista em que o médico publicou seu artigo, não se retratou e pouco tempo depois Omalu já estava publicando seu segundo artigo sobre o assunto, após estudar o cérebro de outro ex-jogador, Terry Long, que tinha tido um histórico parecido com o Webster, com perda de memória, confusão mental e comportamentos estranhos. Terry Long foi o segundo caso que Omalu estudou, mas não foi o último.

Bennet Omalu uniu forças ao advogado Bob Fitzsimmons, que Webster tinha procurado em vida pedindo ajuda, e ao neurocirurgião Julian Bailes, e eles formaram a Sports Legacy Institute, para continuar estudando a doença e vários outros casos de ex-jogadores de futebol americano que tinha sofrido com problemas neurológicos por causa de batidas feitas durante as partidas.

À medida em que mais e mais evidências surgiam, a NFL não podia continuar negando a existência do problema. Foram criadas diretrizes para determinar quanto tempo depois de uma concussão o jogador pode voltar a campo – sim, elas só foram existir depois das descobertas de Omalu. Outra medida importante foi a 88 Plan, um plano de aposentadoria para jogadores aposentados que estivessem sofrendo de demência.

Ainda assim, a NFL continuou se negando a assumir publicamente que concussões causadas pela prática do esporte pudesse resultar em danos cerebrais, demência e depressão crônica, negando a credibilidade do trabalho do Dr. Bennet Omalu.

Fonte: GQ.

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