Histórias de filmes famosos sobre poker

Símbolos de opulência e de poder, o glamour dos cassinos é apenas um dos elementos que conferem emoção e sucesso aos filmes do gênero. Em “Casino”, usualmente o primeiro na lista Top Ten da cinematografia sobre Las Vegas, as primeiras cenas ditam a emoção presente até o capítulo final. Impossível não grudar nos braços da poltrona (do cinema ou da sala de TV) quando Robert De Niro, que interpreta o personagem real Frank Lawrence Rosenthal (famoso em Las Vegas) entra em seu Town Car, dá a partida e o automóvel explode (Ops! Spoiler alert!).

Para ampliar ao máximo o impacto da cena, o diretor Martin Scorsese utilizou o refrão final de “A Paixão Segundo São Mateus”, de Johann Sebastian Bach. Essa lenta, poderosa e aflitiva sarabanda de um dos maiores compositores clássicos de todos os tempos é um hiato na trilha sonora do filme, recheada de rock’n’roll e músicas ao estilo Las Vegas.

Mas, ao abrir (e encerrar) “Casino”, o refrão final de “A Paixão Segundo São Mateus” é, sem dúvida, o ponto alto para ampliar as emoções dos espectadores. No entanto, claro, nem só na trilha sonora reside o sucesso – “Rounders” é exemplo de como apelos acerca de traços de caráter e de personalidade ajudam a engordar a bilheteria de algumas obras, desse e dos demais gêneros.

“Rounders” foi o primeiro longa sobre poker a fazer referência consistente ao Texas Hold’em, variação desse jogo que, à época (1998), estava em iminência de cativar o mundo. O filme fez sucesso junto a todos os públicos por trazer uma consistente mensagem sobre a importância da amizade, da lealdade e de acreditar em si mesmo. E, de quebra, ajudou a ensinar as regras para jogar poker em uma geração, algo que hoje pode se conseguir em plataformas de entretenimento online.

Ainda antes de “Rounders”, o sucesso acolheu “California Split” (1974), comédia dramática sob direção de Robert Altman, com George Segal e Elliott Gould nos papéis principais e participação especial de Amarillo Slim Preston, membro do Poker Hall of Fame. O elemento por trás do sucesso de “California Split” é atribuído à visão extremamente precisa de Altman ao reproduzir situações que envolvem as partidas de poker e a escalada da emoção dos jogadores a cada rodada.

Para o enorme sucesso de “007 – Casino Royale” (2006), teve grande peso justamente o fator antes apregoado como provável fracasso – a escolha de Daniel Craig para interpretar o Agente 007. “Baixinho demais” (1,78 m de altura) em relação aos seus antecessores no papel e “sem carisma” foram algumas das reações dos críticos e do público diante da escolha dele para ser o novo James Bond.

Tão logo “Casino Royale” estreou, os mesmos que crucificaram a escolha por Craig se renderam completamente. Ele encarnou um 007 menos herói inatingível, mais homem comum a lutar para manter o emprego. Para conferir realidade às cenas, nos intervalos das filmagens os atores jogavam poker sob consultoria de Tom Sambrook, notório vencedor de várias competições. Estes são condimentos que ajudaram a amealhar a maior bilheteria da série 007 até então – polpudos 616 milhões de dólares (depois ultrapassada por Skyfall, de 2012, filme da série ainda com Craig encenando James Bond e arrecadação superior a 1,1 bilhão de dólares).

Vale lembrar que a motivação para o sucesso é um elemento presente antes mesmo de o filme existir. No caso da enxurrada de obras sobre cassino e poker, o que levou os produtores executivos a levantarem fundos sem temor foi, em grande escala, o advento do World Series of Poker (WSOP), campeonato anual cujas raízes remontam a 1949.  Dentre as modalidades de poker que movimentam o WSOP, Texas Hold’em é a de maior prestígio.

A partir da década de 70, ocorreu o avanço da popularidade do WSOP, juntando centenas de milhares de interessados, competidores ou não, e distribuindo milhões de dólares aos participantes. Sem dúvida, apelo mais do que promissor para impulsionar bilheterias polpudas.  A oferta de filmes sobre cassino e poker se multiplicaram justamente nos anos que deram início à repercussão do WSOP.

Pouco demorou para surgir a versão web do campeonato – o World Championship of Online Poker (WCOOP). Embora os detalhes para 2024 ainda não foram divulgados, as premiações em 2023 deixam claro o grande apelo da competição. A indústria cinematográfica, como sempre, pretende tirar sua casquinha. Nos bastidores, produtores executivos ligados às distribuidoras de peso já fazem contatos para consolidar produções que falem ao coração dos milhões de apreciadores de poker online.

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