The Wall (2014) era o registro que faltava na carreira de Roger Waters

Finalizado em 2014 e já lançado em alguns locais no exterior, o documentário “Roger Waters: The Wall” chegou neste ano ao Brasil, estando disponível em DVD, BluRay e Digipack. O registro é da tour que durou entre 2010 e 2013, passando por terras tupiniquins inclusive, em que o histórico álbum é apresentado na íntegra por seu criador.

No entanto, para quem pensa que trata-se apenas de um show, o documentário é muito mais complexo, trazendo todo o drama pessoal do protagonista, que realiza uma viagem até a Itália, no cemitério militar onde seu pai, Eric Fletcher Waters, foi enterrado. O drama vivido por Roger, um jovem que perde o pai na guerra, foi uma das principais inspirações conceituais para o álbum.

O diretor Sean Evans, mesmo com pouca experiência, faz ótima condução, tendo ao seu lado o trabalho de Brett Turnbull na fotografia. Os efeitos especiais do gigantesco palco são fantásticos, porém a música ainda fica em primeiro lugar.

Roger durante sua viagem. Músico seguiu de carro até o cemitério onde seu pai está enterrado.
Roger durante sua viagem. Músico seguiu de carro até o cemitério onde seu pai está enterrado.

Primeiro registro impecável do álbum na íntegra

Podem ser citados shows do Pink Floyd, o concerto de Waters em Berlin, porém nenhum registro até então havia sido tão consistente no quesito musical em relação ao The Wall. Pela primeira vez Roger conseguiu ser o protagonista máximo em condições adequadas.

O show de Berlin é outro registro épico, porém com a entrada de muitas atrações, a figura de Waters foi diminuída, bem como a parte conceitual e visual ficaram sobrepostas em muitos momentos. No novo DVD, muito pelo contrário, o visual acompanha adequadamente o músico, que consegue demonstrar toda sua capacidade de execução ao vivo.

the wall roger

Essa era o registro que faltava para Roger Waters encerrar as lacunas do projeto The Wall. Os fãs aguardavam um momento em que a dedicação fosse toda para este disco, algo que não aconteceu no DVD anterior (In The Flesh).

Roger Waters parece não envelhecer

Muitos roqueiros acabam suas carreiras em declínio, algo até certo ponto natural, devido a idade, no entanto Roger Waters, hoje com 72 anos, faz shows cada vez melhores, acompanhado por músicos virtuosos, escolhidos a dedo pelo próprio líder, além de não abandonar o característico contrabaixo e aventurar-se no violão em algumas canções.

Em entrevista exclusiva ao Música e Cinema, Dave Kilminster, um dos guitarristas da banda de Waters, comentou sobre a preparação para a tour. (Confira a entrevista na íntegra)

“Roger é incrível e ele sempre cuida de nós realmente bem levando-nos para “jantares da banda” etc. Ele também sabia os nomes de todo o pessoal: os motoristas, a equipe de restauração, etc. Todos! Parecia uma enorme família em viagem!

Quanto aos ensaios, sempre foram muito profissionais. Não havia nenhuma brincadeira ou jam… só de vez em quando Roger podia começar a tocar uma nova canção que ele está trabalhando, e nos juntávamos. Ou ele tocava algo do Bob Dylan, ou algo assim, e nos juntávamos. Muito profissional, mas sempre divertido, o que é uma combinação difícil de se conseguir!”, disse Kilminster.

Kilminster executa solo de Comfortably Numb. Sobre a aparição no alto do muro, disse: Ficar de pé no ar sobre uma plataforma oscilante sobre 40 pés, sem cinto de segurança e todo mundo olhando para mim foi realmente muito assustador! Às vezes, se estivesse ventando muito, eu nem pensava sobre o solo. Estava apenas tentando me manter vivo e não cair!
Kilminster executa solo de Comfortably Numb. Sobre a aparição no alto do muro, disse: “Ficar de pé no ar sobre uma plataforma oscilante sobre 40 pés (aproximadamente 12 metros), sem cinto de segurança e todo mundo olhando para mim foi realmente muito assustador! Às vezes, se estivesse ventando muito, eu nem pensava sobre o solo. Estava apenas tentando me manter vivo e não cair!”

Homenagens para brasileiros

Três brasileiros são homenageados no show, que acima de tudo presta homenagem a vítimas de guerras e problemas urbanos. Jean Charles de Menezes, morto em 2005, após ser confundido com terrorista pela polícia de Londres, é lembrado em música que foi adaptada em sua homenagem, executada na parte inicial do show.

Ao final do espetáculo, nos créditos, Jean é novamente lembrado, além de Sérgio Vieira de Mello, diplomata brasileiro morto em Bagdá, e Chico Mendes, sindicalista assassinado em 1988.

No Brasil, Roger Waters: The Wall está sendo comercializado em Blu-Ray, DVD e Digipack (dois CDs organizados como livretos).

Blu-Ray – Saraiva
DVD – Saraiva
Digipack – Saraiva

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