O interessante Atlas e o seu pêndulo na verdade sobre o não dito

Você sabe quem é Atlas Bartholomeu? Se ainda não conhece essa figura, com certeza se interessará pela sua história após ouvir o disco “Atlas e o Pêndulo na Verdade Sobre o Não Dito”, lançamento da banda Tess. Criação da Daniel Tessler, Atlas é o protagonista do disco que faz uma mescla de referências e incorpora isso num personagem dos séculos XVII e XVIII.

“Eu vivo o Atlas todos os dias, desde sempre… Seria difícil explicar quem é o Atlas Bartholomeu pois ele sou eu, e eu sou ele. Entende? Não como pai e filho, mas sim como a mesma pessoa. Dr. Jekyll e Mr Hyde, mas sendo real, sendo o questionamento de quem sou, quem fui, o que me tornei, pra onde estou caminhando. Atlas não é necessariamente uma pessoa, mas sim uma coisa, um sentimento, um reflexo no espelho. A verdade daquilo que todo mundo tem, mas não raro prefere não falar”, explicou Tessler.

No disco, é possível notar muitas referências de movimentos importantes da música, como os Mods, além da total conectividade com a música clássica e contemporânea de Atlas. Além de um conceito interessante, o disco proporciona uma experiência audiovisual, tendo em vista toda a criação estética que fazem crer que o Atlas está realmente ali, presente durante audição.

“A principal referencia musical foi o século XVII e XVIII, que é o período que Atlas Bartholomeu vive. Na verdade ele vive no tempo entre o tempo. Ele está aqui e está lá. Ele é meu alterego, ele me questiona, ele sou eu, mas de uma forma ainda mais crua e pura. As referencias musicais dele são as mais fortes desse disco. É inevitável falar de Beatles, Beach Boys, Pink Floyd, The Who, anos 70, 60, 30, 10.. De como o movimento Mod se apropriou do período vitoriano, etc.. Esse disco não tem um período de referencia, mas sim um turbilhão de sentimentos. Não é um disco de músicas, mas sim de uma ideia. O personagem não é bem um personagem, mas sim uma figura real, ela sempre existiu. Ela já foi traduzida como o Maluco do Cartaz, agora é um outro tipo de maluco. Mas o fato é que o Atlas Bartholomeu sempre existiu, não foi construído, é a figura mais próxima que eu tenho de mim”, definiu Tessler.

O disco tem 13 músicas e está disponível nas principais plataformas. Você pode ouvi-lo no Spotfy através do box no fim da página. Para o dia do músico (22 de novembro), trata-se de uma ótima opção. Música de qualidade, produzida no Brasil e de um teor criativo e técnico elevado. Acompanhe o trabalho de Daniel Tessler nas redes sociais e fique por dentro das novidades da Tess.

Confira mais um pouco da nossa conversa com o músico:

Como você definiria o Atlas e quais as principais angústias e necessidades que ele passa no disco?

“Eu definiria o Atlas Bartholomeu como a criança mais sensacional que já existiu. Sentimentos transbordando, verdade nua e crua, perguntas e respostas transparentes e dolorosas, mas sempre verdadeiras. Atlas é um nó desfeito, que ajuda a amarrar partes fracas de uma grande teia. Uma figura gótica, um nowere man de si mesmo, um pequeno príncipe que de fato vive no seu mundo de verdades que as pessoas, quando crescem, preferem mascarar. Ele não passa angústia, mas sim transcende dela para a aceitação da sua própria vulnerabilidade, pra então conseguir se conectar consigo mesmo e seguir navegando com sua embarcação”

O trabalho visual também é muito importante neste disco. Você tem referências cinematográficas que influenciaram nessas produções?

“De certa forma sim, mas te confesso que as referencias mais fortes desse conceito visual já existiam na minha cabeça desde quando eu tinha uns 10 anos de idade. Leo Lage traduziu isso, de forma sensível, pra fazer toda a arte. Atlas é exatamente aquela figura naquele momento. Um universo inspirador, cheio de símbolos, e mensagens subliminares. Maçonaria, vulnerabilidade, movimento Gótico, aceitação, mistério, descobertas, pirataria. pêndulo, mundo mágico. Ta tudo ali. Atlas vive nesse ambiente e é assim que foi feito todo esse trabalho visual, pra que ele se sentisse em casa enquanto está atracado por aqui”

Nas redes sociais, você aparece constantemente estudando e avançando no mundo da música. Tecnicamente, acredita ser o seu melhor disco?

“Não tenho dúvida de que esse álbum traduz mais perfeitamente a arte que quero desenvolver. A música me ajuda muito nisso, mas não é um trabalho apenas musical. Esse disco é de uma idéia. A música só ajuda a traduzir essa idéia, mas se tu for perceber, é um disco muito visual também. Escutando as músicas, tu vê lugares, e até sente o cheiro. O mais importante, pra se ter a experiência exata da idéia, é escutar o álbum sem interrupções, na ordem, com tempo, e com disposição para olhar para o espelho, literalmente, e ser honesto para responder “o que você enxerga de verdade, quando se vê no espelho?”, mexer em coisas que foram guardadas em gavetas do passado, mas que ainda ecoam de alguma forma hoje. É um disco de verdades”

E agora, quais são os principais projetos para o Atlas e para sua carreira?

“Continuar navegando. Tem muita coisa para espalhar por esses mares. Atlas não morre, não vai embora.. Atlas está em todo mundo, basta se conectar consigo mesmo pra poder falar com ele. Já que somos um reflexo e sabemos que o outro não existe, precisamos olhar pro espelho e ver aquilo que estamos refletindo. Atlas vai continuar, pra sempre, até quando o Daniel não estiver mais aqui”

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