Entrevista com o diretor Petter Baiestorf

O Música e Cinema teve o prazer de entrevistar com exclusividade o diretor e produtor de cinema Petter Baiestorf, uma das figuras mais conhecidas do cinema independente brasileiro e principalmente do terror, com diversas produções de baixo orçamento e de resultado magnífico. Petter vem desde a década de 90 lançando suas produções, além de contribuir com muitos outros diretores brasileiros que navegam pelo movimento independente.

Agradecemos muito a atenção destinada por Petter para o Música e Cinema.

Petter Baiestorf
Petter Baiestorf com a camiseta do filme “Zombio”

Entrevista com Petter Baiestorf

Leonardo Caprara: Petter, primeiramente é uma grande honra ter a oportunidade de entrevistar um ícone como você. Vamos diretamente as origens, como você começou no cinema e o que te inspirava nos primórdios? Como você iniciou a Canibal Filmes?

Antes de começar a fazer filmes eu era fanzineiro e grande fã de bandas punks e de metal obscuras, aí todo este universo do “faça você mesmo” me contagiou e, como sempre fui apaixonado por cinema, resolvi eu mesmo fazer meus filmes. Não há nada de especial não, só resolvi colocar as idéias em prática e cá estou 20 anos depois fazendo meus filmes gore com putaria. A Canibal Filmes sempre foi eu e vários amigos pessoais tentando fazer filmes divertidos, só isso na real. O que me inspirava naquela época são as mesmíssimas coisas que ainda me inspiram e dão energia para continuar. Arte exagerada, anarquismo, sexo, gore divertido e um pouquinho de elementos transgressores. E em 1992 a coisa toda quanto só cinema independente brasileiro funcionava de outra maneira.

Leonardo Caprara: Quais as maiores dificuldades para um produtos independente?          

Petter: Cara, prefiro não reclamar das dificuldades. Tu, ao ser independente, precisa arregaçar as mangas a tacar o foda-se e fazer tua arte dentro das possibilidades que estão ao teu alcance. Não vou reclamar porque não tenho do que reclamar enquanto eu conseguir fazer a minha arte sem a interferência de ninguém e meus filmes tem uma distribuição independente que os faz chegar a milhares de pessoas. A falta de dinheiro eu contorno com a liberdade de fazer o que quero. E os filmes faço com meus amigos, que tem essa mesma linha de raciocínio. É difícil as pessoas as vezes aceitarem que a gente aqui está pouco se fodendo pro sucesso, não temos em mente aparecer na Globo ou canais de TV ou grandes jornais. Somos undergrounds e somos radicais, porque um pouquinho de radicalismo é bom, senão quando tu menos espera tudo que é cineasta brasileiro ta aí fazendo filmes com milhões de reais e usando terninhos bem cortadinhos e indo em festa milionárias com cocaína de qualidade. Não quero isso e meus filmes vão em sentido completamente oposto. E cinema brasileiro ta ficando tão “lustroso”, tão “polidinho”, tão “limpinho”, tão bem comportado que ta cada vez mais fácil ser um maldito filho da puta com uma obra que transgride valores. Cineasta tem que ter o cuidado de não se tornarem todos capachos do sistema. Mas isso é a minha opinião, isso é a minha escolha. Produtores brasileiros precisam criar este mercado, precisam criar os veículos e aglomerar este público que está disperso porque não existe um mercado alternativo funcionando como deveria. E público existe é muito. E, falando exclusivamente de mim, não quero público que veja um filme só pra “passar o tempo”, quero um público que viva o underground como estilo de vida, que respire obras independentes. Mas nem todo canal de TV é ruim não, temos canais de televisão ótimos aqui, como Canal Brasil e TV Cultura. Canibal Filmes tem o público mais inteligente do Brasil, pessoas que estão cansadas da mesmice “lustrosa” das produções e quer ver dedos sendo metidos nas feridas. E posso dizer que nosso público cresce sempre, estamos lutando a muitos anos pra construir uma opção alternativa para este público que não aceitar engolir qualquer porcarias que lhes empurram goela abaixo.

Petter comanda "Zombio 2"
Petter comanda “Zombio 2”

Leonardo Caprara: A internet ajudou os produtos independentes, abrindo meios de divulgação ou atrapalhou dando espaço para o download ilegal?

Petter: Internet é apenas uma ferramenta a mais a nossa disposição. Está aí para ser usada e quem souber usar bem vai ter ótimos resultados. Como praticamente tudo na vida, o uso criativo desta ferramenta só depende das tuas próprias limitações. Download ilegal te ajuda a conseguir palestras e oficinas de vídeo, que tu cobra cachê para ministrá-las, então download não é um problema não, é uma dádiva. E podem baixar qualquer filme meu, posso até me foder financeiramente, não tem problema, se for o caso trabalho de mendigo e junto a grana pro próximo. Sucesso ou fracasso é só uma criação da sociedade pra te manter sendo um bom cordeirinho.

Leonardo Caprara: O orçamento de seus filmes gira em torno de quanto? Você recebe financiamento, patrocínio?

Petter: Já fiz filme que não custou absolutamente nada até obras de 30 mil reais, meu orçamento mais alto. Não tenho patrocinador, nem financiadores. O dinheiro é sempre do meu próprio bolso. Em “Zombio 2”, meu último filme, contamos com apoio financeiro de vários fãs e admiradores do nosso trabalho. Como “Zombio 2” está até que tendo uma visibilidade boa no underground europeu e americano, vou tentar atrair algum investidor gringo que veja que é mais rentável ele investir  50 mil euros no cinema gore brasileiro do que gastar este dinheiro na Europa. Provavelmente não vai dar em nada, mas estou conversando com alguns produtores. Com “Zombio 2” também trabalhei com outras 8 produtoras envolvidas na produção do filme, foi realizado em cooperativa, foi uma experiência muito boa. Só que pra exibição aqui no Brasil que é ruim, todo mundo ainda tem aquela ingenuidade de “deixa eu exibir teu filme de graça”, achando que cara se alimenta de sol.

Ninguém Deve Morrer - Média metragem de Petter
Ninguém Deve Morrer – Média metragem de Petter

Leonardo Caprara: Com um Brasil cada vez mais “politicamente correto”, o cinema underground perde força?

Petter: Muito pelo contrário, está cada vez mais fácil ser transgressor ou polêmico. Nos anos 90 o cara realmente tinha que pegar pesado pra ser censurado, como fiz com minha fase 98, onde produzi e lancei filmes como “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997), “Boi Bom” (1998), “Gore Gore Gays” (1998) e “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998). Nos dias de hoje até um filme comportado como o “Zombio 2” se torna ofensivo.

Leonardo Caprara: Você participa de editais do governo para o cinema? O que acha da lei de incentivo a cultura?

Petter: Não, não participo, nunca apresentei nenhum projeto. Acho que essas coisas atrapalham e muito a criação deste mercado alternativo que tanto falo. Encarecem preços na hora de produzir um filme e acabam com a possível distribuição que teu filme poderia vir a ter. Estes filmes todos já nascem pagos, já nascem com lucro ao produtor, então não há a necessidade de buscar uma distribuição para estes filmes.

Parte da equipe Canibal Filmes
Parte da equipe Canibal Filmes

Leonardo Caprara: Você recebe vários rótulos em diversos gêneros pela comunidade cinematográfica. Como você classifica o sua linguagem cinematográfica? Ela se aproxima mais com o que chamamos de trash?

Petter: Rótulos são coisas de acomodados. Colocar rótulos ou números nas coisas facilita a vida do cara que está escrevendo sobre estes filme, porque ele pode arquivar “trash” aqui, “garagem” ali, “transgressor” lá. E facilita a vida daquele público mais acomodado, aquele tipo de pessoa que não se dá ao trabalho de pesquisar e investigar o cinema. Por questões de vendas dos filmes eu abraço qualquer rótulo que me dão, uso estes rótulos e vendo os filmes pras pessoas que naquele momento estão interessadas em conhecer um “trash” e se vai pagar pra conhecer um “trash” que seja o meu que é do caralho mesmo. Mas o que eu faço é cinema independente.

Leonardo Caprara: Você está lançando “Zombio 2”, como foi a produção para esse filme?

Petter: “Zombio 2” é um filme completamente independente. Foi produzido numa cooperativa envolvendo 9 produtoras nanicas de fundo de quintal. Canibal Filmes contou com o apoio da Bulhorgia produções, El Reno Fitas, Camarão Filmes & Ideais Caóticas, Sui Generis Filmes, Fábulas Negras, Necrófilos Produções, Projeto Zumbilly e Gosma. Também consegui uma pequena parte da grana, que foi transformada na alimentação da equipe nos 25 dias de filmagens, via doações de fãs e admiradores, foi lindo saber que muitas pessoas se importam com os filmes que fazemos. Foi um filme difícil de fazer com apenas 30 mil reais, o roteiro que escrevi era bem complicado de filmar rápido, como costumo fazer. Entre atores, equipe e figurantes, o filme teve em algumas vezes 52 pessoas no set e ordenar este caos não é exatamente fácil. Com 35 dias de filmagens teríamos um filme melhor, mas o dinheiro só dava pra estes 25 dias, então filmamos as 90 seqüência do roteiro sem descanso e deu no que deu. E “Zombio 2” é um filme de ação na verdade, boa parte do filme envolve muita ação com efeitos especiais que insisto em filmar na frente da câmera, não gosto de efeitos digitais. Foi uma produção cansativa, estressante, mas o filme ficou bem divertido e despretensioso, que é o que eu queria desde o início. Muitas vezes a equipe trabalhou por 36 horas sem parar para conseguir se manter dentro do cronograma extremamente apertado que tínhamos na mão. E agora ta correndo inúmeros festivais pelo mundo inteiro, em 6 meses de existência já entrou em mais de 30 festivais de cinema pelo mundo a fora, ganhou prêmio de melhor maquiagem no Guaru Fantástico e menção honrosa no Montevideo Fantástico.

Agilidade: Enquanto alguns filmam, outros lavam a louça
Agilidade: Enquanto alguns filmam, outros lavam a louça

Leonardo Caprara: Você teve alguma dificuldade em resgatar “Zombio” lá de 1999 e dar um segundo capítulo?

Petter: Sou um produtor de exploração. Primeiro “Zombio” original se tornou um Cult movie e agora estava sendo lançado em DVD nos USA. Aí eu tinha um roteiro chamado “Chimarrão Zombies” que não sabia quando iria produzir. Então acrescentei o título “Zombio 2” ao “Chimarrão Zombies” e re-escrevi algumas coisas e virou “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, que na verdade não é exatamente uma continuação do “Zombio” (1999), mas sim uma continuação do “Raiva” (2001), longa-metragem obscuro que escrevi, produzi e dirigi no anos de 2000. “Zombio 2” teria várias referências ainda ao meu longa “O Monstro legume do Espaço” (1995), mas que fui podando nas filmagens porque tive que cortar algumas coisas. Mas com “Zombio 3” pretendo cruzar estes 3 filmes (“Zombio”, “Raiva” e “O Monstro legume do Espaço”) num único universo e aí as pessoas perceberão que todas as três histórias estão acontecendo simultaneamente naquela vila. Tenho inúmeros outros roteiros que envolvem mortos-vivos, incluindo um roteiro mais porra louca chamado “Ataque de Nervos na Ilha dos Zumbis Canibais”, que talvez eu vá incorporar as idéias que tenho para “Zombio 3”.

Leonardo Caprara: Você gostaria de ver o cinema independente mais popularizado no Brasil ou acredita que o público underground atual já satisfaz os produtores?

Petter: Não posso falar pelos outros produtores. Mas eu quero ver este público ampliado, sempre. Mas não quero que seja um público padrão de televisão não. Se tu é fã da Globo ou Record, que fique ali no teu canto, essas cabeças realmente não me interessam. Tenho conversado bastante com outros produtores nanicos como eu, tipo Gurcius Gewdner, Alexandre Brunoro e Felipe Guerra, para formar uma cooperativa de distribuição independente. Eu acredito que temos que criar este público que vá respirar e viver somente de filmes independentes, um cara com consciência, que possa encontrar informações sobre produções independentes através de blogs como o do Felipe, o meu (Canibuk) ou do site do Gurcius (Bulhorgia). E o público das Canibal Filmes está mais ligado ao universo musical do que ao universo cinematográfico, é um pessoal que sempre quis ver no cinema os exageros das letras de bandas de horror punk ou do goregrind e, com meus filmes, eles acabam tendo isso. Fiz alguns filmes com uma trilha sonora mais retro, mais anos 70, formada de sons obscuros. Mas estou planejando dois pornô-gores (que vou filmar simultaneamente) onde voltarei a colocar somente bandas undergrounds (que só tenham demos gravadas) nas trilhas sonoras. Quero fazer um retorno aos subterrâneos das artes.

Com criatividade e dedicação, o cinema é possível!
Com criatividade e dedicação, o cinema é possível!

Leonardo Caprara: Muitos diretores que estão começando, gostariam de saber que tipos de equipamento você usa para fazer seus filmes e o que é primordial para um iniciante hoje em dia?

Petter: Não vou citar nomes e números de câmera aqui, senão garotada fica preso a isso. O que posso dizer é que você pode filmar com qualquer coisa, incluindo aí máquinas fotográficas, celular e até mesmo scanner. Já fiz animações stop motion envolvendo somente fotografias que tirei com uma máquina vagabunda e resultado ficou satisfatório. Gurcius Gewdner fez animações envolvendo somente um scanner e desenhos que ele fez a mão. Sua própria criatividade é o limite. Não se acomode, fique experimentando sempre. Se conseguiu um resultado ótimo em alguma técnica, lindo! Não tenha medo de falhar!

Leonardo Caprara: Hoje o cenário independente parece bem unido, você atuou e auxiliou Rodrigo Aragão em A Noite do Chupacabras, novos diretores como Julio Wong vem surgindo, contando com a ajuda de pessoas já consagradas como José Mojica. Acredita que essa união poderá ajudar a melhorar a situação do mercado underground?

Petter: Trabalhar com Aragão, com Gurcius, com Felipe Guerra, com Leo Pyrata, com Flávio Sperling, Com Alexandre Brunoro, com Dellani Lima, enfim, com muita gente boa e divertida do cinema underground é uma alegria imensa, eu adoro e continuarei sempre aceitando papéis em filmes que eu perceber que serão obras sinceras. Os produtores de cinema independente são todos bem unidos, não há a figura da competição, é todo mundo tentando ajudar todo mundo. Porra, não há o menor sentido em fazer competição. Essa idéia de competição é coisa destes cabeças ocas que travam o mercado brasileiro. Conheci o Julio Wong no FantasNor, em Aracaju, e porra, foi ótimo ficar falando sobre cinema com ele, nossos assuntos giravam em torno de gente como Franscisco Cavalcanti e outras lendas da Boca do Lixo, não é sempre que encontro pessoas tão apaixonadas pelo cinema da Boca do Lixo quanto ele. E pra mim, que sou uma continuidade do que os produtores da Boca do Lixo faziam, é sempre gratificante conhecer pessoas tão ligadas à este cinema.

petter 2

Leonardo Caprara: Em questão de trilha sonora, o que você gosta de colocar em seus filmes?

Petter: Sempre tive uma preferência por bandas independentes não conhecidas do público. Ultimamente eu estava resgatando alguns sons obscuros dos anos 60 e 70, mas voltarei a investir em bandas undergrounds. Na trilha sonora do “Zombio 2” uni a minha pesquisa por bandas obscuras dos anos 70 e composições de banda underground. A trilha sonora é meio que dividida meio a meio, metade fruto de pesquisas, outra metade composições do Alexandre Brunoro (que também é o maquiador do filme) e sua banda Erro, especialmente compostas pro filme.

Leonardo Caprara: Quando surgem convites da televisão e da grande mídia em geral para entrevistas, você aceita ou é seletivo com o que é relevante para seu público?

Petter: Cara, faz no mínimo 10 anos que recuso convites em programas que não tenham nada haver comigo. Se vejo que o programa que quer me entrevistar não tem absolutamente nada haver com minha arte, acho melhor recusar e não aparecer. Sem contar que eu realmente não gosto da estética da televisão, então recusar estes convites é quase um prazer, é como gozar estrelas! Aliás, odeio também aqueles programinhas com apresentadores metidos a engraçadinhos. TV ainda vai ter que melhorar muito pra me seduzir. Mas mesmo assim já negociei meus curtas pra alguns canais, como aquele programa da Ivana Bentes (esqueci o nome do programa e esqueci em qual canal passa) que é bacana. Mas 95% de tudo que passa na TV não passa de lixo.  Única coisa que não recuso nenhum convite é participação em livros. Tenho orgulho de livros.

Leonardo Caprara: Quais pessoas você pode considerar fundamentais para a manutenção da Canibal Filmes e para as realizações cinematográficas?

Petter: Ninguém é fundamental, nem mesmo eu sou fundamental. Mas temos um grupo aqui bem unido, ideologicamente todos pensamos de uma maneira bem parecida. Pra trabalhar comigo é fundamental tu ter uma filosofia de vida mais libertária, não adianta algum extrema direita ou religioso querer vir trabalhar comigo, não vai ir pra frente não.
Leonardo Caprara: Estaremos disponibilizando sua filmografia abaixo, poderia indicar quais filmes você tem para vender e como os leitores poderiam adquiri-los?

Petter: O melhor é escrever pra mim no e-mail baiestorf@yahoo.com.br e daí mando o catálogo de tranqueiras disponíveis.

Leonardo Caprara: Para finalizar Petter, deixe um recado para nossos leitores e para os fãs do cinema independente:

Petter: Sempre que tu encontrar um produtor de cinema independente, pague a bebida dele.

Agradecemos muito a oportunidade, agora confira boa parte da filmografia de Petter:

Criaturas Hediondas (1993)
Eu sou um débil mental (1993)
Criaturas Hediondas 2 (1994)
O Monstro Legume do Espaço (1995)
Eles Comem Sua Carne (1996)
Caquinha Superstar A Go-Go (1996)
Blerghhh!!! (1996)
Bondage (1996)
Super Chacrinha e Seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Galuber Rocha (1997)
Gore Gore Gays (1998)
Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos (1998)
Bagaceiradas Mexicanas em Palmitos City (1998)
Raiva (2001)
Cerveja Atômica (2003)
A Curtição do Avacalho (2006)
O Monstro Legume do Espaço 2 (2006)
Arrombada: Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!! (2007)
A Noite do Chupacabras (2011) – como ator
Zombio 2: Chimarrao Zombies (2013)

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